Expectativa de vida ao nascer e mortalidade no Brasil em 1999: análise exploratória dos diferenciais regionais
OBJETIVO: Analisar as desigualdades quanto ú distribuição de indicadores de saúde nas regiões e estados brasileiros, segundo indicadores de nível socioeconômico e demográfico no ano de 1999. MÉTODO: Realizou-se um estudo transversal ecológico, com enfoque exploratório, tendo como unidade de análise...
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doaj-57f6eb76a2564277a6db16c807ebbbfc2020-11-24T22:34:29ZengPan American Health OrganizationRevista Panamericana de Salud Pública1680-534812643644410.1590/S1020-49892002001200009S1020-49892002001200009Expectativa de vida ao nascer e mortalidade no Brasil em 1999: análise exploratória dos diferenciais regionaisElisabeth Carmen Duarte0Maria Cristina Schneider1Rômulo Paes-Sousa2Jarbas Barbosa da Silva3Carlos Castillo-Salgado4Centro Nacional de EpidemiologiaPan American Health OrganizationCentro Nacional de EpidemiologiaCentro Nacional de EpidemiologiaUniversidade de CuiabáOBJETIVO: Analisar as desigualdades quanto ú distribuição de indicadores de saúde nas regiões e estados brasileiros, segundo indicadores de nível socioeconômico e demográfico no ano de 1999. MÉTODO: Realizou-se um estudo transversal ecológico, com enfoque exploratório, tendo como unidade de análise os estados (n = 27) e regiões (n = 5) brasileiras. Calcularam-se medidas descritivas de desigualdade. A correlação de Pearson e a análise de regressão linear foram utilizadas para identificar associações entre indicadores de saúde e indicadores de nível socioeconômico e demográficos selecionados. Os indicadores de saúde analisados foram a expectativa de vida ao nascer; a taxa de mortalidade infantil; mortalidade da criança (< 5 anos) por doenças diarréicas e respiratórias agudas; e mortalidade por homicídio e acidentes de trânsito. RESULTADOS: Observaram-se ganhos importantes na expectativa de vida ao nascer no período de 1991 a 1999, especialmente para os homens. Notou-se tendência a maiores ganhos nos estados com valores mais baixos de expectativa de vida ao nascer em 1991, o que conferiu maior homogeneidade ao indicador em anos recentes. A taxa de mortalidade infantil (por 1 000 nascidos vivos) no Brasil apresentou decréscimo de 28% no período de 1991 a 1999. No entanto, esse indicador ainda apresenta marcada variação entre as regiões - de 52,5 no Nordeste a 17,1 no Sul - e entre os estados - de 64,0 em Alagoas a 15,1 no Rio Grande do Sul. Quanto à mortalidade da criança < 5 anos (por 10 000), todos os estados do Nordeste apresentaram mortalidade por doenças diarréicas agudas maior ou igual ú mediana nacional (4,1 por 10 000), e todos os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram taxa de mortalidade infantil por doenças respiratórias agudas maior ou igual à mediana nacional (10,8 por 10 000). As taxas de mortalidade por acidentes de trânsito e homicídio (padronizadas por sexo e idade) em 1999 foram de 17,7 e 26,0 por 100 000 habitantes, respectivamente. Valores extremos foram observados em alguns estados para mortalidade por homicídio (57,8 por 100 000 em Pernambuco) e por acidentes de trânsito (54,5 por 100 000 em Roraima). A taxa de mortalidade por homicídio foi marcadamente associada com a urbanização (P = 0,001). Maiores taxas de mortalidade por acidentes de trânsito foram associadas a menores taxas de pobreza (beta = -0,93; P < 0,001) e de alfabetização (beta = -1,16; P = 0,005) e a maior crescimento populacional na última década (beta = 3,10; P = 0,016). CONCLUSÃO: O padrão de desigualdade em saúde no Brasil indica polarização entre as regiões e estados, assim como justaposição de doenças ligadas ao atraso e ao desenvolvimento, demandando um sistema de saúde comprometido com essas questões.http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1020-49892002001200009&lng=en&tlng=enDesigualdades em saúdedoenças respiratóriashomicídioacidentes de trânsito |
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OBJETIVO: Analisar as desigualdades quanto ú distribuição de indicadores de saúde nas regiões e estados brasileiros, segundo indicadores de nível socioeconômico e demográfico no ano de 1999. MÉTODO: Realizou-se um estudo transversal ecológico, com enfoque exploratório, tendo como unidade de análise os estados (n = 27) e regiões (n = 5) brasileiras. Calcularam-se medidas descritivas de desigualdade. A correlação de Pearson e a análise de regressão linear foram utilizadas para identificar associações entre indicadores de saúde e indicadores de nível socioeconômico e demográficos selecionados. Os indicadores de saúde analisados foram a expectativa de vida ao nascer; a taxa de mortalidade infantil; mortalidade da criança (< 5 anos) por doenças diarréicas e respiratórias agudas; e mortalidade por homicídio e acidentes de trânsito. RESULTADOS: Observaram-se ganhos importantes na expectativa de vida ao nascer no período de 1991 a 1999, especialmente para os homens. Notou-se tendência a maiores ganhos nos estados com valores mais baixos de expectativa de vida ao nascer em 1991, o que conferiu maior homogeneidade ao indicador em anos recentes. A taxa de mortalidade infantil (por 1 000 nascidos vivos) no Brasil apresentou decréscimo de 28% no período de 1991 a 1999. No entanto, esse indicador ainda apresenta marcada variação entre as regiões - de 52,5 no Nordeste a 17,1 no Sul - e entre os estados - de 64,0 em Alagoas a 15,1 no Rio Grande do Sul. Quanto à mortalidade da criança < 5 anos (por 10 000), todos os estados do Nordeste apresentaram mortalidade por doenças diarréicas agudas maior ou igual ú mediana nacional (4,1 por 10 000), e todos os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram taxa de mortalidade infantil por doenças respiratórias agudas maior ou igual à mediana nacional (10,8 por 10 000). As taxas de mortalidade por acidentes de trânsito e homicídio (padronizadas por sexo e idade) em 1999 foram de 17,7 e 26,0 por 100 000 habitantes, respectivamente. Valores extremos foram observados em alguns estados para mortalidade por homicídio (57,8 por 100 000 em Pernambuco) e por acidentes de trânsito (54,5 por 100 000 em Roraima). A taxa de mortalidade por homicídio foi marcadamente associada com a urbanização (P = 0,001). Maiores taxas de mortalidade por acidentes de trânsito foram associadas a menores taxas de pobreza (beta = -0,93; P < 0,001) e de alfabetização (beta = -1,16; P = 0,005) e a maior crescimento populacional na última década (beta = 3,10; P = 0,016). CONCLUSÃO: O padrão de desigualdade em saúde no Brasil indica polarização entre as regiões e estados, assim como justaposição de doenças ligadas ao atraso e ao desenvolvimento, demandando um sistema de saúde comprometido com essas questões. |
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