Tendência secular da anemia na infância na cidade de São Paulo (1984-1996) Secular trends in child anemia in S. Paulo city, Brazil (1984-1996)

OBJETIVO: Estimar a prevalência e a distribuição social da anemia na infância, estabelecer a tendência secular dessa enfermidade e analisar sua determinação, com base em dados coletados por dois inquéritos domiciliares realizados na cidade de São Paulo, SP, em 1984/85 e em 1995/96. MÉTODOS: Os inqué...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Carlos Augusto Monteiro, Sophia Cornbluth Szarfarc, Lenise Mondini
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de São Paulo 2000-12-01
Series:Revista de Saúde Pública
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102000000700009
Description
Summary:OBJETIVO: Estimar a prevalência e a distribuição social da anemia na infância, estabelecer a tendência secular dessa enfermidade e analisar sua determinação, com base em dados coletados por dois inquéritos domiciliares realizados na cidade de São Paulo, SP, em 1984/85 e em 1995/96. MÉTODOS: Os inquéritos estudaram amostras probabilísticas da população residente na cidade com idade entre zero e 59 meses (1.016 em 1984/85 e 1.280 em 1995/96). Amostras de sangue capilar obtidas por punctura digital foram coletadas nos dois inquéritos e analisadas com relação à concentração de hemoglobina. O diagnóstico da anemia correspondeu a concentrações inferiores a 11 g/dL. O estudo da distribuição social da anemia levou em conta tercis da renda familiar per capita em cada um dos inquéritos. A estratégia analítica para estudar os determinantes da evolução da prevalência da anemia na população empregou modelos hierárquicos de causalidade, análises multivariadas de regressão e procedimentos análogos aos utilizados para calcular riscos atribuíveis populacionais. RESULTADOS/CONCLUSÕES: Houve entre os inquéritos redução significativa na concentração média de hemoglobina (de 11,6 g/dL para 11,0 g/dL) e aumento significativo na prevalência de anemia (de 35,6% para 46,9%). Essa evolução desfavorável foi observada em ambos os sexos, em todas as faixas etárias e em todos os estratos econômicos da população. A evolução tendeu a ser ainda mais desfavorável para o terço mais pobre das crianças da cidade, o que determinou o agravamento das desvantagens desse estrato frente aos demais. Determinantes distais (renda familiar e escolaridade materna) e proximais (tipo de aleitamento) da anemia evoluíram favoravelmente entre os inquéritos e, assim, não puderam explicar o aumento da enfermidade. A estabilidade apurada quanto à densidade de ferro na dieta, em valores inferiores às necessidades, justifica a elevada prevalência da enfermidade, mas não explica seu aumento.<br>OBJECTIVE: Data from two consecutive households surveys undertaken in mid-80s and mid-90s allow to characterize and analyse secular trends in infant and child anaemia in the city of S. Paulo, Brazil. METHODS: The two surveys included random population samples aged from zero to 59 months (1,016 in the period of 1984-85 and 1,280 in 1995-96). Capillary blood samples, collected by digital puncture in the two surveys, were analysed regarding their haemoglobin concentration. The anaemic status was determined when haemoglobin concentration was below 11 g/dL. For each survey, the study of the social distribution of child anaemia took into account tertiles of the per capita family income. For the study of the determinants of secular trends, hierarchical causal models, multivariate regression analyses and calculations analogous to the ones used to assess population attributable risks were applied. RESULTS/CONCLUSIONS: In the time span from the first to the second survey, there was a significant reduction in the average haemoglobin concentration (from 11.6 g/dl to 11.0 g/dl), as well as a considerable increase in anaemia prevalence (from 35.6% to 46.9%). Unfavourable trends were observed in both sexes, all age groups and all income strata. Trends were still less favourable among the poorest families, aggravating the social burden related to child anaemia. Changes in distal (family income and maternal schooling) and proximal determinants (breast or bottle-feeding) of child anaemia were positive in the study period and therefore they cannot explain the increase in the disease. A low iron diet could explain the high prevalence of anaemia in both surveys but could not explain its further increase.
ISSN:0034-8910
1518-8787