Hemoglobina: um mero valor analítico ou um poderoso preditor de risco em doentes com síndromes coronárias agudas?

Resumo: Introdução: A anemia tem sido associada a um pior prognóstico, e particularmente a uma mortalidade mais elevada em diversas condições patológicas. Contudo, poucos estudos analisaram especificamente o seu impacto a curto e a longo prazo, em doentes com Síndrome Coronária Aguda. Este artigo t...

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Bibliographic Details
Main Authors: Muriel Ferreira, Natália António, Francisco Gonçalves, Pedro Monteiro, Lino Gonçalves, Mário Freitas, Luís Augusto Providência
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2012-02-01
Series:Revista Portuguesa de Cardiologia
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0870255111001119
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description Resumo: Introdução: A anemia tem sido associada a um pior prognóstico, e particularmente a uma mortalidade mais elevada em diversas condições patológicas. Contudo, poucos estudos analisaram especificamente o seu impacto a curto e a longo prazo, em doentes com Síndrome Coronária Aguda. Este artigo tem como objetivo analisar a associação entre diferentes quartis de hemoglobina na admissão hospitalar e o prognóstico a curto e a longo prazo em doentes com síndrome coronária aguda. População e métodos: Estudo retrospetivo de 1303 doentes consecutivamente admitidos com síndrome coronária aguda numa unidade de cuidados intensivos coronários, procurando analisar a associação entre os níveis basais de hemoglobina e a morbilidade e mortalidade intra-hospitalar e num seguimento clínico de 12 meses. Esta população de doentes foi dividida em quartis de concentração da hemoglobina ([Hb]): Q1: < 10,8 g/dL; Q2: 10,8-12,2 g/dL; Q3: 12,3-13,2 g/dL; Q4: ≥ 13,3 g/dL. Para identificação dos preditores de risco independente de mortalidade a curto e a longo prazo foi usada uma análise de regressão logística. Resultados: A hipertensão arterial e a diabetes mellitus foram mais comuns nos quartis mais baixos de hemoglobina, enquanto a proporção de fumadores e de sedentarismo aumentava com o aumento da concentração da hemoglobina. Os doentes com quartis mais baixos de hemoglobina apresentavam também mais frequentemente antecedentes de insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial periférica e acidentes vasculares cerebrais/acidentes isquémicos transitórios. Os doentes anémicos tendiam a ser mais idosos, com pior função renal e pior função ventricular esquerda, e apresentavam valores de troponina I e de glicemia na admissão significativamente superiores. Os doentes anémicos mostraram também taxas significativamente superiores de mortalidade intra-hospitalar (Q1: 9,8%; Q2: 6,3%; Q3: 4,1%; Q4: 3,6%, p < 0,001), internamentos mais prolongados (Q1: 6,1 ± 4,4; Q2: 5,2 ± 3,0; Q3: 4,9 ± 2,7; Q4 4,3 ± 2,1, p<0,001) e maior mortalidade aos 12 meses (Q1: 23,6%; Q2: 11,6%; Q3: 10,6%; Q4: 5,5%, p < 0,001). Na análise multivariada, o único preditor independente de mortalidade intra-hospitalar foi uma classe Killip na admissão > 1, e os preditores de mortalidade no follow-up foram: idade ≥ 69,5 anos, classe Killip na admissão> 1, diabetes mellitus, existência de depressão do segmento ST no ECG de admissão hospitalar e uma concentração de hemoglobina inferior a 10,8 g/dL. Discussão e conclusões: Em doentes com síndromes coronárias agudas, os valores mais baixos de hemoglobina encontram-se frequentemente associados a outras comorbilidades, mas por si só, a anemia parece ser um preditor independente de mortalidade um ano após uma síndrome coronária aguda. Abstract: Introduction: Anemia has been shown to be associated with a worse prognosis, especially higher mortality in various pathological conditions. However, few studies have specifically examined its impact in acute coronary syndrome (ACS) patients. The purpose of our study was to assess the association between different quartiles of hemoglobin on admission and short- and long-term prognosis in patients with ACS. Methods: We performed a retrospective analysis of 1303 consecutive ACS patients admitted to a coronary care unit and analyzed the association between baseline hemoglobin and morbidity and mortality, in-hospital and at 12-month follow-up. The population was divided into groups according to quartiles of hemoglobin concentration (Hb): Q1: <10.8 g/dl; Q2: 10.8-12.2 g/dl; Q3: 12.3-13.2 g/dl; Q4: ≥13.3 g/dl. Logistic regression analysis was used to identify independent predictors of short- and long-term mortality. Results: Hypertension and diabetes mellitus were more common in the lower Hb quartiles, while the prevalence of smoking and physical inactivity increased with higher Hb. A higher proportion of patients in the lower quartiles had congestive heart failure, peripheral artery disease and previous stroke or transient ischemic attack. Anemic patients tended to be older, with worse renal function and left ventricular systolic function. Patients in Q1 had significantly higher levels of troponin I and blood glucose on admission. Anemic patients showed significantly higher in-hospital mortality (Q1: 9.8%; Q2: 6.3%; Q3: 4.1%; Q4: 3.6%, p<0.001), longer hospital stay (Q1: 6.1±4.4; Q2: 5.2±3.0; Q3: 4.9±2.7; Q4 4.3±2.1 days, p<0.001) and higher 1-year mortality (Q1: 23.6%; Q2: 11.6%; Q3: 10.6%; Q4: 5.5%, p<0.001). In multivariate analysis, the only independent predictor of in-hospital mortality was Killip class >1 at admission. The independent predictors of long-term mortality were age ≥69.5 years, Killip class >1 at admission, diabetes mellitus, ST-segment depression on admission ECG and Hb <10.8 g/dl. Discussion and conclusions: Low baseline hemoglobin is associated with more comorbidities and can accurately predict 1-year mortality after an acute coronary syndrome. Palavras-chave: Síndromes coronárias agudas, Hemoglobina, Fatores de risco, Mortalidade, Prognóstico, Keywords: Acute coronary syndrome, Hemoglobin, Risk factors, Mortality, Prognosis
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Contudo, poucos estudos analisaram especificamente o seu impacto a curto e a longo prazo, em doentes com Síndrome Coronária Aguda. Este artigo tem como objetivo analisar a associação entre diferentes quartis de hemoglobina na admissão hospitalar e o prognóstico a curto e a longo prazo em doentes com síndrome coronária aguda. População e métodos: Estudo retrospetivo de 1303 doentes consecutivamente admitidos com síndrome coronária aguda numa unidade de cuidados intensivos coronários, procurando analisar a associação entre os níveis basais de hemoglobina e a morbilidade e mortalidade intra-hospitalar e num seguimento clínico de 12 meses. Esta população de doentes foi dividida em quartis de concentração da hemoglobina ([Hb]): Q1: < 10,8 g/dL; Q2: 10,8-12,2 g/dL; Q3: 12,3-13,2 g/dL; Q4: ≥ 13,3 g/dL. Para identificação dos preditores de risco independente de mortalidade a curto e a longo prazo foi usada uma análise de regressão logística. Resultados: A hipertensão arterial e a diabetes mellitus foram mais comuns nos quartis mais baixos de hemoglobina, enquanto a proporção de fumadores e de sedentarismo aumentava com o aumento da concentração da hemoglobina. Os doentes com quartis mais baixos de hemoglobina apresentavam também mais frequentemente antecedentes de insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial periférica e acidentes vasculares cerebrais/acidentes isquémicos transitórios. Os doentes anémicos tendiam a ser mais idosos, com pior função renal e pior função ventricular esquerda, e apresentavam valores de troponina I e de glicemia na admissão significativamente superiores. Os doentes anémicos mostraram também taxas significativamente superiores de mortalidade intra-hospitalar (Q1: 9,8%; Q2: 6,3%; Q3: 4,1%; Q4: 3,6%, p < 0,001), internamentos mais prolongados (Q1: 6,1 ± 4,4; Q2: 5,2 ± 3,0; Q3: 4,9 ± 2,7; Q4 4,3 ± 2,1, p<0,001) e maior mortalidade aos 12 meses (Q1: 23,6%; Q2: 11,6%; Q3: 10,6%; Q4: 5,5%, p < 0,001). Na análise multivariada, o único preditor independente de mortalidade intra-hospitalar foi uma classe Killip na admissão > 1, e os preditores de mortalidade no follow-up foram: idade ≥ 69,5 anos, classe Killip na admissão> 1, diabetes mellitus, existência de depressão do segmento ST no ECG de admissão hospitalar e uma concentração de hemoglobina inferior a 10,8 g/dL. Discussão e conclusões: Em doentes com síndromes coronárias agudas, os valores mais baixos de hemoglobina encontram-se frequentemente associados a outras comorbilidades, mas por si só, a anemia parece ser um preditor independente de mortalidade um ano após uma síndrome coronária aguda. Abstract: Introduction: Anemia has been shown to be associated with a worse prognosis, especially higher mortality in various pathological conditions. However, few studies have specifically examined its impact in acute coronary syndrome (ACS) patients. The purpose of our study was to assess the association between different quartiles of hemoglobin on admission and short- and long-term prognosis in patients with ACS. Methods: We performed a retrospective analysis of 1303 consecutive ACS patients admitted to a coronary care unit and analyzed the association between baseline hemoglobin and morbidity and mortality, in-hospital and at 12-month follow-up. The population was divided into groups according to quartiles of hemoglobin concentration (Hb): Q1: <10.8 g/dl; Q2: 10.8-12.2 g/dl; Q3: 12.3-13.2 g/dl; Q4: ≥13.3 g/dl. Logistic regression analysis was used to identify independent predictors of short- and long-term mortality. Results: Hypertension and diabetes mellitus were more common in the lower Hb quartiles, while the prevalence of smoking and physical inactivity increased with higher Hb. A higher proportion of patients in the lower quartiles had congestive heart failure, peripheral artery disease and previous stroke or transient ischemic attack. Anemic patients tended to be older, with worse renal function and left ventricular systolic function. Patients in Q1 had significantly higher levels of troponin I and blood glucose on admission. Anemic patients showed significantly higher in-hospital mortality (Q1: 9.8%; Q2: 6.3%; Q3: 4.1%; Q4: 3.6%, p<0.001), longer hospital stay (Q1: 6.1±4.4; Q2: 5.2±3.0; Q3: 4.9±2.7; Q4 4.3±2.1 days, p<0.001) and higher 1-year mortality (Q1: 23.6%; Q2: 11.6%; Q3: 10.6%; Q4: 5.5%, p<0.001). In multivariate analysis, the only independent predictor of in-hospital mortality was Killip class >1 at admission. The independent predictors of long-term mortality were age ≥69.5 years, Killip class >1 at admission, diabetes mellitus, ST-segment depression on admission ECG and Hb <10.8 g/dl. Discussion and conclusions: Low baseline hemoglobin is associated with more comorbidities and can accurately predict 1-year mortality after an acute coronary syndrome. Palavras-chave: Síndromes coronárias agudas, Hemoglobina, Fatores de risco, Mortalidade, Prognóstico, Keywords: Acute coronary syndrome, Hemoglobin, Risk factors, Mortality, Prognosishttp://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0870255111001119