A INVISIBILIDADE DA MULHER NEGRA MARANHENSE NO ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DA PROFESSORA NA ESCOLA NORMAL PÚBLICA EM SÃO LUÍS (1930-1945)
Este texto aborda discursos acerca da presença da mulher negra como aluna do curso de formação para o magistério da Escola Normal pública, no período de 1930 a 1945, em São Luís-MA. Tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa historiográfica sobre as condições de sua formação, bem como as...
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Universidade Federal do Maranhão
2015-03-01
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doaj-135f493cde384ef99f8ed985451417e92020-11-24T22:35:23ZspaUniversidade Federal do MaranhãoRevista Educação e Emancipação1677-60972358-43192015-03-01002572582353A INVISIBILIDADE DA MULHER NEGRA MARANHENSE NO ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DA PROFESSORA NA ESCOLA NORMAL PÚBLICA EM SÃO LUÍS (1930-1945)Fernanda Lopes RodriguesEste texto aborda discursos acerca da presença da mulher negra como aluna do curso de formação para o magistério da Escola Normal pública, no período de 1930 a 1945, em São Luís-MA. Tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa historiográfica sobre as condições de sua formação, bem como as exigências que lhes eram colocadas. As fontes documentais foram: os processos da instrução pública, relatórios do interventor federal e diretores da instrução pública, edições do Diário Oficial do Estado e dos jornais “O Imparcial” e “A voz do Norte”, como também textos da legislação educacional e obras pedagógicas publicadas por intelectuais à época. Nesta análise procurou-se responder aos seguintes questionamentos: quais eram as demandas da mulher negra professora no cenário educacional maranhense? Quais as condições para formação no magistério? Como era socializado o discurso eugênico neste curso? Quais os sentidos do acesso da mulher negra ao Curso Normal e de sua atuação no magistério? Seria uma estratégia de branqueamento das alunas negras? Para responder a esses questionamentos elegeramse como categorias analíticas gênero e raça/etnia, apreendendo-se suas conexões e implicações com os sujeitos de pesquisa. Nesse sentido, foram fundamentais estudos de Guimarães (2003, 2008), Hahner (2003), Hofbauer (2006), Louro (2010), Meyer (2003), Santos (2005) e Scott (1990), entre outros. Tomou-se como fio condutor de análise o movimento eugênico no cenário brasileiro, discutindo-se suas consequências na definição do papel da escola e da função social das educadoras, especialmente aquelas responsáveis pela educação primária. Opção que se sustentou nos trabalhos de Dávila (2006), Diwan (2007) e Viviani (2007). A partir do material coletado desenvolveu-se o estudo da oferta e das condições de funcionamento da escola primária em São Luís, principal local de atuação, como 260 Revista Educação e Emancipação, São Luís/ MA, v.5, n.2, jul/dez. 2012 também de formação das futuras alunas da Escola Normal. Analisaram-se, igualmente, as concepções sobre magistério, a forma de ingresso, estrutura e o funcionamento da Escola Normal pública em São Luís. Para isso, foram indispensáveis estudos de história da educação como os de Rodrigues (1993), Sousa (2008), Veiga (2007), Vianna (2002), Vicentini & Lugli (2002). Discutiram-se, ainda, as causas para o silenciamento acerca do pertencimento étnico-racial das alunas negras da Escola Normal, pondo em evidência a conclusão de que o Curso Normal funcionou como meio de branqueamento das alunas negras. Para isso, tomaram-se como essenciais estudos de Munanga (1999), Schumaher & Brazil (2007) e Skidmore (1976), entre outros. Com base na noção foucaultiana de que o poder difuso no tecido social não está sob o domínio de quem quer que seja, buscou-se perceber as estratégias de resistência aos discursos que definiam lugares e posturas à mulher professora, a partir de uma visão misógina e racista. Palavras-chave: Formação de professores. Gênero. Mulher negra.http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/article/view/3254Formação de professoresGêneroMulher negra. |
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Este texto aborda discursos acerca da presença da mulher negra como aluna do curso de formação para o magistério da Escola Normal pública, no período de 1930 a 1945, em São Luís-MA. Tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa historiográfica sobre as condições de sua formação, bem como as exigências que lhes eram colocadas. As fontes documentais foram: os processos da instrução pública, relatórios do interventor federal e diretores da instrução
pública, edições do Diário Oficial do Estado e dos jornais “O Imparcial” e “A voz do Norte”, como também textos da legislação educacional e obras pedagógicas publicadas por intelectuais à época. Nesta análise procurou-se responder aos seguintes questionamentos: quais eram as demandas da mulher negra professora no cenário educacional maranhense? Quais as condições para formação no magistério? Como era socializado o discurso eugênico neste curso? Quais os sentidos do acesso da mulher negra ao Curso Normal e de sua atuação no magistério? Seria uma estratégia de branqueamento das
alunas negras? Para responder a esses questionamentos elegeramse como categorias analíticas gênero e raça/etnia, apreendendo-se suas conexões e implicações com os sujeitos de pesquisa. Nesse sentido, foram fundamentais estudos de Guimarães (2003, 2008), Hahner (2003), Hofbauer (2006), Louro (2010), Meyer (2003), Santos (2005) e Scott (1990), entre outros. Tomou-se como fio condutor de análise o movimento eugênico no cenário brasileiro, discutindo-se
suas consequências na definição do papel da escola e da função social das educadoras, especialmente aquelas responsáveis pela educação primária. Opção que se sustentou nos trabalhos de Dávila (2006), Diwan (2007) e Viviani (2007). A partir do material coletado desenvolveu-se o estudo da oferta e das condições de funcionamento da escola primária em São Luís, principal local de atuação, como 260 Revista Educação e Emancipação, São Luís/ MA, v.5, n.2, jul/dez. 2012 também de formação das futuras alunas da Escola Normal. Analisaram-se, igualmente, as concepções sobre magistério, a forma
de ingresso, estrutura e o funcionamento da Escola Normal pública em São Luís. Para isso, foram indispensáveis estudos de história da educação como os de Rodrigues (1993), Sousa (2008), Veiga (2007), Vianna (2002), Vicentini & Lugli (2002). Discutiram-se, ainda, as causas para o silenciamento acerca do pertencimento étnico-racial das alunas negras da Escola Normal, pondo em evidência a conclusão de que o Curso Normal funcionou como meio de branqueamento das alunas negras. Para isso, tomaram-se como essenciais estudos de Munanga (1999), Schumaher & Brazil (2007) e Skidmore (1976),
entre outros. Com base na noção foucaultiana de que o poder difuso no tecido social não está sob o domínio de quem quer que seja, buscou-se perceber as estratégias de resistência aos discursos que definiam lugares e posturas à mulher professora, a partir de uma visão misógina e racista.
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