Acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?

Resumo: Introdução: Os anticoagulantes orais demonstraram ser altamente eficazes na prevenção do acidente vascular cerebral (AVC) associado a fibrilhação auricular (FA). A ocorrência de AVC apesar da hipocoagulação oral não é expectável, existindo escassa informação sobre os mecanismos responsáveis...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Luís Fernandes, João Sargento‐Freitas, James Milner, Alexandra Silva, Ana Novo, Tatiana Gonçalves, Ana Vera Marinho, Guilherme Mariano Pego, Luís Cunha, Natália António
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2019-02-01
Series:Revista Portuguesa de Cardiologia
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0870255118300155
id doaj-1982eaf1fbf64f10b261a9f62591fd1c
record_format Article
collection DOAJ
language English
format Article
sources DOAJ
author Luís Fernandes
João Sargento‐Freitas
James Milner
Alexandra Silva
Ana Novo
Tatiana Gonçalves
Ana Vera Marinho
Guilherme Mariano Pego
Luís Cunha
Natália António
spellingShingle Luís Fernandes
João Sargento‐Freitas
James Milner
Alexandra Silva
Ana Novo
Tatiana Gonçalves
Ana Vera Marinho
Guilherme Mariano Pego
Luís Cunha
Natália António
Acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?
Revista Portuguesa de Cardiologia
author_facet Luís Fernandes
João Sargento‐Freitas
James Milner
Alexandra Silva
Ana Novo
Tatiana Gonçalves
Ana Vera Marinho
Guilherme Mariano Pego
Luís Cunha
Natália António
author_sort Luís Fernandes
title Acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?
title_short Acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?
title_full Acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?
title_fullStr Acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?
title_full_unstemmed Acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?
title_sort acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?
publisher Elsevier
series Revista Portuguesa de Cardiologia
issn 0870-2551
publishDate 2019-02-01
description Resumo: Introdução: Os anticoagulantes orais demonstraram ser altamente eficazes na prevenção do acidente vascular cerebral (AVC) associado a fibrilhação auricular (FA). A ocorrência de AVC apesar da hipocoagulação oral não é expectável, existindo escassa informação sobre os mecanismos responsáveis pela sua ocorrência. O objetivo deste estudo foi avaliar possíveis mecanismos para a ocorrência de AVC isquémico, como a má adesão à terapêutica e a não adequação da dosagem dos anticoagulantes em doentes cronicamente hipocoagulados por FA. Métodos: Estudo prospetivo observacional, de 60 doentes consecutivos com FA não valvular, cronicamente medicados com anticoagulante oral, internados por AVC isquémico. Avaliação da adesão terapêutica através das escalas Brief Medication Questionnaire (BMQ) e Medição da Adesão ao Tratamento (MAT). Avaliação das características dos doentes, etiologia do AVC e adequação da dosagem do anticoagulante. Resultados: A idade média era de 78,6 ± 8,0 anos, com 51,7% dos doentes do sexo masculino. Globalmente, a proporção de doentes com boa adesão terapêutica aos anticoagulantes foi de 63,3%. Os doentes aderentes eram mais frequentemente analfabetos (26,3% versus 4,5%, p = 0,012). A proporção de doentes sob antivitamínicos K (AVK) com boa adesão terapêutica era significativamente superior à dos doentes sob anticoagulantes orais não antivitamínicos K (NOAC) (respetivamente, 83,3% versus 54,8%, p = 0,035 para BMQ). No entanto, 91,7% dos doentes sob AVK apresentavam INR < 2 na admissão. Identificaram‐se prescrições subterapêuticas em 43% dos doentes sob NOAC. Conclusões: Na maioria dos doentes, a ocorrência de AVC apesar da hipocoagulação parece ser explicada por subdosagem, má adesão terapêutica ou etiologia não cardioembólica e não por ineficácia dos anticoagulantes. Abstract: Introduction: Oral anticoagulants have proved to be highly effective in preventing atrial fibrillation (AF)‐related strokes. The occurrence of stroke despite oral anticoagulation is unexpected and little is known about the mechanisms responsible. The aim of this study was to assess possible mechanisms for stroke occurrence, such as poor treatment adherence and inappropriate dosage, in patients chronically anticoagulated for AF. Methods: We performed a prospective observational study of 60 consecutive patients with non‐valvular AF, chronically medicated with an oral anticoagulant and admitted due to ischemic stroke. Treatment adherence was assessed through the Brief Medication Questionnaire (BMQ) and the Medição da Adesão ao Tratamento (MAT) scales. Patient characteristics, stroke etiology, and appropriacy of anticoagulant dosage were also assessed. Results: Patients’ mean age was 78.6±8.0 years, and 51.7% were male. Overall, the proportion of patients with good adherence to anticoagulants was 63.3%. Adherent patients were more frequently illiterate (26.3% vs. 4.5%, p=0.012). The proportion of patients under vitamin K antagonists (VKAs) with good treatment adherence was significantly higher than that of patients under novel oral anticoagulants (NOACs) (83.3% vs. 54.8%, respectively, for BMQ, p=0.035). However, 91.7% of patients under VKAs presented an admission INR <2. Subtherapeutic prescriptions were found in 43% of patients under NOACs. Conclusion: In the majority of patients, stroke occurrence despite chronic anticoagulation appears to be explained by subtherapeutic dosage, poor treatment adherence or non‐cardioembolic etiology, and not by inefficacy of the anticoagulants. Palavras‐chave: Acidente vascular cerebral, Anticoagulantes, Fibrilhação auricular, Adesão terapêutica, Administração oral, Keywords: Stroke, Anticoagulants, Atrial fibrillation, Treatment adherence, Administration, oral
url http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0870255118300155
work_keys_str_mv AT luisfernandes acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT joaosargentofreitas acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT jamesmilner acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT alexandrasilva acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT ananovo acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT tatianagoncalves acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT anaveramarinho acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT guilhermemarianopego acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT luiscunha acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
AT nataliaantonio acidentevascularcerebralisquemicoemdoentespreviamenteanticoaguladosporfibrilhacaoauricularnaovalvularporqueacontece
_version_ 1724987571747946496
spelling doaj-1982eaf1fbf64f10b261a9f62591fd1c2020-11-25T01:54:25ZengElsevierRevista Portuguesa de Cardiologia0870-25512019-02-01382117124Acidente vascular cerebral isquémico em doentes previamente anticoagulados por fibrilhação auricular não valvular: por que acontece?Luís Fernandes0João Sargento‐Freitas1James Milner2Alexandra Silva3Ana Novo4Tatiana Gonçalves5Ana Vera Marinho6Guilherme Mariano Pego7Luís Cunha8Natália António9Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, PortugalServiço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, PortugalServiço de Cardiologia A do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, PortugalServiço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, PortugalServiço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, PortugalServiço de Medicina Interna A do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, PortugalServiço de Cardiologia A do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, PortugalServiço de Cardiologia A do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, PortugalFaculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal; Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, PortugalFaculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal; Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal; Autor para correspondência.Resumo: Introdução: Os anticoagulantes orais demonstraram ser altamente eficazes na prevenção do acidente vascular cerebral (AVC) associado a fibrilhação auricular (FA). A ocorrência de AVC apesar da hipocoagulação oral não é expectável, existindo escassa informação sobre os mecanismos responsáveis pela sua ocorrência. O objetivo deste estudo foi avaliar possíveis mecanismos para a ocorrência de AVC isquémico, como a má adesão à terapêutica e a não adequação da dosagem dos anticoagulantes em doentes cronicamente hipocoagulados por FA. Métodos: Estudo prospetivo observacional, de 60 doentes consecutivos com FA não valvular, cronicamente medicados com anticoagulante oral, internados por AVC isquémico. Avaliação da adesão terapêutica através das escalas Brief Medication Questionnaire (BMQ) e Medição da Adesão ao Tratamento (MAT). Avaliação das características dos doentes, etiologia do AVC e adequação da dosagem do anticoagulante. Resultados: A idade média era de 78,6 ± 8,0 anos, com 51,7% dos doentes do sexo masculino. Globalmente, a proporção de doentes com boa adesão terapêutica aos anticoagulantes foi de 63,3%. Os doentes aderentes eram mais frequentemente analfabetos (26,3% versus 4,5%, p = 0,012). A proporção de doentes sob antivitamínicos K (AVK) com boa adesão terapêutica era significativamente superior à dos doentes sob anticoagulantes orais não antivitamínicos K (NOAC) (respetivamente, 83,3% versus 54,8%, p = 0,035 para BMQ). No entanto, 91,7% dos doentes sob AVK apresentavam INR < 2 na admissão. Identificaram‐se prescrições subterapêuticas em 43% dos doentes sob NOAC. Conclusões: Na maioria dos doentes, a ocorrência de AVC apesar da hipocoagulação parece ser explicada por subdosagem, má adesão terapêutica ou etiologia não cardioembólica e não por ineficácia dos anticoagulantes. Abstract: Introduction: Oral anticoagulants have proved to be highly effective in preventing atrial fibrillation (AF)‐related strokes. The occurrence of stroke despite oral anticoagulation is unexpected and little is known about the mechanisms responsible. The aim of this study was to assess possible mechanisms for stroke occurrence, such as poor treatment adherence and inappropriate dosage, in patients chronically anticoagulated for AF. Methods: We performed a prospective observational study of 60 consecutive patients with non‐valvular AF, chronically medicated with an oral anticoagulant and admitted due to ischemic stroke. Treatment adherence was assessed through the Brief Medication Questionnaire (BMQ) and the Medição da Adesão ao Tratamento (MAT) scales. Patient characteristics, stroke etiology, and appropriacy of anticoagulant dosage were also assessed. Results: Patients’ mean age was 78.6±8.0 years, and 51.7% were male. Overall, the proportion of patients with good adherence to anticoagulants was 63.3%. Adherent patients were more frequently illiterate (26.3% vs. 4.5%, p=0.012). The proportion of patients under vitamin K antagonists (VKAs) with good treatment adherence was significantly higher than that of patients under novel oral anticoagulants (NOACs) (83.3% vs. 54.8%, respectively, for BMQ, p=0.035). However, 91.7% of patients under VKAs presented an admission INR <2. Subtherapeutic prescriptions were found in 43% of patients under NOACs. Conclusion: In the majority of patients, stroke occurrence despite chronic anticoagulation appears to be explained by subtherapeutic dosage, poor treatment adherence or non‐cardioembolic etiology, and not by inefficacy of the anticoagulants. Palavras‐chave: Acidente vascular cerebral, Anticoagulantes, Fibrilhação auricular, Adesão terapêutica, Administração oral, Keywords: Stroke, Anticoagulants, Atrial fibrillation, Treatment adherence, Administration, oralhttp://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0870255118300155