Summary: | Este trabalho integra-se a uma pesquisa mais ampla, na qual as dimensões política, pedagógica e linguística da Transposição didática foram investigadas a partir de uma pesquisa documental de inspiração qualitativa, baseada perspectiva de uma Linguística Aplicada indisciplinar e crítico-colaborativa (MOITA LOPES, 2003, 2013). Neste artigo, temos como objetivo apresentar a dimensão política do processo e Transposição didática da proposta de análise linguística, sugerida por João Wanderley Geraldi na década de 80 do século XX, em dois documentos parametrizadores do ensino médio, a saber: Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006) e Referenciais Curriculares para o Estado da Paraíba (PARAÍBA, 2007). Os principais subsídios teóricos são os conceitos de Transposição Didática (CHEVALLARD, 1991; RAFAEL, 2001; LEITE, 2007) e Recontextualização Didática (BERNSTEIN, 1996; MAINARDES E STREMEL, 2010; LEITE, 2007). Para o estudo do objeto específico – Análise Linguística - fizemos uma revisão bibliográfica nos trabalhos de GERALDI (1984, 1991, 1996) e de outros autores. Os resultados nos levaram a concluir que dimensão política da análise linguística se faz através da despersonalização do autor, demonstrada nos documentos parametrizadores pelo apagamento da fonte primária de referência e da pulverização das fontes de consulta. Esse processo que inclui a seleção, a organização e a divulgação do conceito da proposta de ensino de Análise Linguística leva à exaltação do Estado, como se esse fosse o autor de tal proposta. Como implicação direta desse resultado, verificamos nos documentos o desvelamento das relações de classificação (poder) e enfraquecimento (controle) do Estado sobre o tema focalizado.
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