Escutar os mortos com os ouvidos. Dilemas historiográficos: os sons, as escutas e a música
RESUMO “Escutar os mortos” é uma preocupação presente já no surgimento da história como conhecimento do passado. A historiografia, desde sua tradição helênica, criou um universo teórico de “escutá-los com os olhos” e uma prática metodológica de “ouvir com os olhos”. Nesta longa trajetória, a escuta...
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
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doaj-2b51b23306a64516af64e72ac9fcb5f12020-11-25T04:08:40ZengUniversidade Federal do Rio de JaneiroTopoi2237-101X193810913910.1590/2237-101x01903805S2237-101X2018000200109Escutar os mortos com os ouvidos. Dilemas historiográficos: os sons, as escutas e a músicaJosé Geraldo Vinci de MoraesRESUMO “Escutar os mortos” é uma preocupação presente já no surgimento da história como conhecimento do passado. A historiografia, desde sua tradição helênica, criou um universo teórico de “escutá-los com os olhos” e uma prática metodológica de “ouvir com os olhos”. Nesta longa trajetória, a escuta do mundo e dos homens tornou-se secundária diante da presença hegemônica do olhar, da escrita e da leitura. Porém, na segunda metade do século XIX essa relação se alterou profundamente, principalmente com o surgimento dos registros mecânicos e depois eletrônicos dos sons, a possibilidade de sua reprodução para além do momento da criação e emissão original e com o aparecimento das inúmeras possibilidades de sua propagação a distância. Essa virada auditiva rapidamente se integrou à vida cotidiana do homem contemporâneo, tornou-se preocupação de alguns campos do conhecimento, mas permaneceu distante da historiografia. Só mais atualmente a historiografia tem se preocupado em “escutar os mortos” e o passado com seus próprios “ouvidos” e se questionado sobre como escutá-los com “ouvidos emprestados”. Este artigo pretende justamente discutir aspectos dessa trajetória e introduzir questões e alguns dilemas historiográficos relacionados ao universo dos sons, das escutas e da música.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-101X2018000200109&lng=en&tlng=enhistoriographyhistorianslisteningsoundsmusic |
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RESUMO “Escutar os mortos” é uma preocupação presente já no surgimento da história como conhecimento do passado. A historiografia, desde sua tradição helênica, criou um universo teórico de “escutá-los com os olhos” e uma prática metodológica de “ouvir com os olhos”. Nesta longa trajetória, a escuta do mundo e dos homens tornou-se secundária diante da presença hegemônica do olhar, da escrita e da leitura. Porém, na segunda metade do século XIX essa relação se alterou profundamente, principalmente com o surgimento dos registros mecânicos e depois eletrônicos dos sons, a possibilidade de sua reprodução para além do momento da criação e emissão original e com o aparecimento das inúmeras possibilidades de sua propagação a distância. Essa virada auditiva rapidamente se integrou à vida cotidiana do homem contemporâneo, tornou-se preocupação de alguns campos do conhecimento, mas permaneceu distante da historiografia. Só mais atualmente a historiografia tem se preocupado em “escutar os mortos” e o passado com seus próprios “ouvidos” e se questionado sobre como escutá-los com “ouvidos emprestados”. Este artigo pretende justamente discutir aspectos dessa trajetória e introduzir questões e alguns dilemas historiográficos relacionados ao universo dos sons, das escutas e da música. |
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