Corpo colonial, voz ex-cêntrica: História, identidade e construção romanesca em Desmundo, de Ana Miranda

Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar o romance Desmundo (1996), da escritora Ana Miranda a partir dos conceitos de voz ex-cêntrica (HUTCHEON, 1991) e de imagem-malícia (DIDI-HÜBERMAN, 2019). No romance, Miranda se vale de um episódio histórico – a vinda de órfãs portuguesas para se c...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: André Luís Gomes de Jesus
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual da Paraíba 2021-01-01
Series:Sociopoética
Subjects:
Online Access:http://novo.revista.uepb.edu.br/SOCIOPOETICA/article/view/306
Description
Summary:Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar o romance Desmundo (1996), da escritora Ana Miranda a partir dos conceitos de voz ex-cêntrica (HUTCHEON, 1991) e de imagem-malícia (DIDI-HÜBERMAN, 2019). No romance, Miranda se vale de um episódio histórico – a vinda de órfãs portuguesas para se casarem com os homens que já estavam instalados na Colônia – para constituir uma narrativa que em última instância questiona as versões oficiais acerca da dominação da terra e, também, da exploração dos corpos subalternizados no processo colonial. O romance, de certo modo, desnuda o processo colonial a partir da noção dialética mobilizada por Alfredo Bosi em A dialética da colonização: o processo colonial como tentativa de exploração da máxima das riquezas naturais da colônia, bem como o processo de transposição e aclimatação da cultura metropolitana em seus domínios coloniais. Esse desnudamento acaba por nos inserir num campo de debate que tem por finalidade questionar a ideia amplamente difundida de uma identidade nacional coesa e resultante de um encontro pacífico entre os inúmeros componentes de nossas matrizes culturais. Abstract: The present paper aims to analyze the novel Desmundo (1996), by the writer Ana Miranda from the concepts of ex-centric voice (HUTCHEON, 1991) and image-malice (DIDI-HÜBERMAN, 2019). In the novel, Miranda makes use of a historical episode - the coming of Portuguese orphan girls to marry the men who were already installed in the Colony - to constitute a narrative that ultimately questions the official versions about the domination of the land and, also, the exploitation of subordinate bodies in the colonial process. The novel, along these lines, strips out the colonial process from the dialectic notion mobilized by Alfredo Bosi in A dialética da colonização: the colonial process as an attempt to exploit the uttermost of the colony’s natural wealth, as well as the process of transposition and acclimatization of the metropolitan culture in its colonial domains. This stripping process ends up inserting us in a field of debate that aims to question the widely held idea of ​​a cohesive national identity and the result of a peaceful encounter among the innumerable components of our cultural matrices. Resumen: El presente artículo tiene como objetivo analizar la novela Desmundo (1996) de la escritora Ana Miranda desde los conceptos de voz ex-céntrica (HUTCHEON, 1991) e imagen-malicia (DIDI-HUBERMAN, 2019). En la novela Miranda recurre a un episodio histórico –la llegada de huérfanas portuguesas para casarse con hombres que ya vivían en la colonia– para armar una narrativa que cuestiona las versiones oficiales en torno al dominio de la tierra y, asimismo, de la explotación de los cuerpos subalternos en el proceso colonial. De cierto modo, la novela devela el proceso colonial desde la noción dialéctica movilizada por Alfredo Bosi en A dialética da colonização: el proceso colonial en tanto intento de máxima explotación de las riquezas naturales de la colonia, así como de transposición y adaptación de la cultura metropolitana en los dominios coloniales. Dicho desnudamiento la inserta en un campo de debate que busca interrogar la idea ampliamente difundida respecto de una identidad nacional en cohesión como resultado de un encuentro pacífico entre los inúmeros elementos de nuestras matrices culturales.
ISSN:1980-7856