Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval

O alcoolismo entre os militares passou a ser objeto de atenção especial na Marinha do Brasil a partir da criação do Centro de Dependência Química em 1997. Este estudo se desenvolveu a partir do método etnográfico, através da observação participante em 2010, no decorrer de 24 sessões, em dois grupos...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Elizabeth Espindola Halpern, Ligia Costa Leite
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de São Paulo 2014-03-01
Series:Saúde e Sociedade
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902014000100131&lng=en&tlng=en
Description
Summary:O alcoolismo entre os militares passou a ser objeto de atenção especial na Marinha do Brasil a partir da criação do Centro de Dependência Química em 1997. Este estudo se desenvolveu a partir do método etnográfico, através da observação participante em 2010, no decorrer de 24 sessões, em dois grupos terapêuticos, cada qual composto por cerca de dez integrantes. Os registros foram feitos em um diário de campo após as sessões grupais. Os resultados apontaram que existe uma importante influência de fatores socioculturais na produção de seu alcoolismo. Constatou-se que o beber a bordo é uma tradição aprendida, considerando que existem: oportunidades de beber e o fácil acesso a bebidas alcoólicas; normas favoráveis que apoiam o consumo, inclusive no ambiente de trabalho; e tradições navais que, de forma contínua e sutil, difundem crenças e mitos sobre a inquestionável presença do álcool na vida naval. Enfim, a Marinha brasileira tem um posicionamento ambivalente que, de forma alternada, estimula e proíbe o consumo de etílicos a bordo, aplicando medidas administrativas e punitivas, sem critérios claros. Com efeito, modos de consumir bebidas, geralmente em grupo, encontram-se associados à execução das tarefas marinheiras, facilitando a produção da dependência do álcool.
ISSN:1984-0470