Summary: | Introdução: A Lesão Neonatal do Plexo Braquial (LNPB) afeta entre 0,7 a 5,8 em cada mil recém-nascidos e caracteriza-se por parésia do membro superior detetada no período neonatal imediato. A distócia de ombros, o parto instrumentado e a macrossomia fetal são fatores de risco conhecidos. A maioria evolui favoravelmente, enquanto que 10-20% dos recém-nascidos fica com sequelas.
Métodos: Estudo transversal retrospetivo para caracterizar a LNPB na população de recém-nascidos de um hospital com maternidade de apoio perinatal diferenciado e relacionar os fatores de risco com o grau de gravidade da lesão. Foram revistos os processos clínicos dos recém-nascidos orientados para a consulta de Medicina Física e de Reabilitação entre janeiro de 2006 e dezembro de 2016.
Resultados: Foram identificados 137 casos de LNPB em 36833 nascimentos, o que se traduz numa prevalência de 3,7/1000 nados-vivos. Verificou-se macrossomia fetal em 41% e distócia de ombros em 40%. De acordo com a Classificação de Narakas, 58% estavam incluídos no grupo I, 30% no grupo II, 9% no grupo III e 3% no grupo IV. Tiveram alta da consulta sem sequelas 73,3%, enquanto que 11,6% evoluíram com indicação cirúrgica. Verificou-se existir relação estatisticamente significativa (p<0,05) entre macrossomia e lesão com sequelas, o mesmo não acontecendo com a distócia de ombros ou o parto instrumentado.
Discussão: A prevalência da LNPB nesta população foi semelhante à descrita noutras séries. A relação entre macrossomia e LNPB com sequelas encontrada no nosso estudo pode ser um dado importante na tentativa de prevenção desta lesão.
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