Utilização do Internamento Hospitalar em Portugal Continental por Crianças com Doenças Crónicas Complexas (2011 – 2015)
Introdução: Fruto da mudança epidemiológica, o interesse pelas doenças crónicas complexas no sistema de saúde pediátrico tem vindo a crescer. Assim, pretendemos avaliar a utilização do internamento hospitalar do Serviço Nacional de Saúde (Portugal Continental) por doentes pediátricos (0 – 17 anos) c...
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Ordem dos Médicos
2019-08-01
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doaj-5308397af0de48c1b270d92e5abbe6f32020-11-25T02:01:48ZengOrdem dos MédicosActa Médica Portuguesa1646-07582019-08-01327-848849810.20344/amp.104374894Utilização do Internamento Hospitalar em Portugal Continental por Crianças com Doenças Crónicas Complexas (2011 – 2015)Ana Forjaz Lacerda0Graça Oliveira1Cândida Cancelinha2Silvia Lopes3Observatório Português de Cuidados Paliativos. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Católica Portuguesa. Lisboa. Serviço de Pediatria. Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil. Lisboa.Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa.Observatório Português de Cuidados Paliativos. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Católica Portuguesa. Lisboa. Serviço de Pediatria Médica. Departamento Pediátrico. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.Departamento de Políticas e Gestão do Sistema de Saúde. Escola Nacional de Saúde Pública. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa. Centro de Investigação em Saúde Pública. Escola Nacional de Saúde Pública. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa.Introdução: Fruto da mudança epidemiológica, o interesse pelas doenças crónicas complexas no sistema de saúde pediátrico tem vindo a crescer. Assim, pretendemos avaliar a utilização do internamento hospitalar do Serviço Nacional de Saúde (Portugal Continental) por doentes pediátricos (0 – 17 anos) com doenças crónicas complexas. Material e Métodos: Estudo epidemiológico observacional longitudinal retrospetivo (base de dados de morbilidade hospitalar anonimizada). Selecionámos episódios de internamento de doentes pediátricos, entre 2011 – 2015; excluímos recém-nascidos saudáveis e radioterapia ambulatória. Análise descritiva dos episódios de internamento de doentes pediátricos com doenças crónicas complexas, caracterizados por número e categoria de doenças crónicas complexas. Foram aplicados testes não paramétricos à duração de internamento, despesa e mortalidade. Resultados: Nos 419 927 episódios, constavam códigos de doenças crónicas complexas em 64 918 (15,5%). Estes episódios com doenças crónicas complexas representaram 29,8% dos dias de internamento, 39,4% da despesa e 87,2% dos óbitos. Custaram o dobro dos episódios sem doenças crónicas complexas (€1467 vs €745) e tiveram uma mortalidade 40 vezes superior (2,4% vs 0,06%). Do total, 46,0% foram programados (sem doenças crónicas complexas 23,2%); 64,8% ocorreram em hospitais grupo III – IV (sem doenças crónicas complexas 27,1%). Nos episódios com doenças crónicas complexas, a doença maligna foi a categoria mais frequente (23,0%); a maior demora mediana (12 dias, 6 – 41), despesa mediana (€3568,929 – 24 602) e mortalidade (13,4%) verificaram-se na categoria neonatais. Discussão: Esta análise mostrou que, embora o número absoluto de internamentos de doentes pediátricos esteja a diminuir em Portugal Continental, à semelhança de outros países desenvolvidos, os internamentos com doenças crónicas complexas têm vindo a aumentar proporcionalmente, sendo mais prolongados, onerosos e com maior probabilidade de morte do que os episódios sem doenças crónicas complexas (tendências acentuadas quando constam duas ou mais doenças crónicas complexas). Conclusão: As doenças crónicas complexas são relevantes na atividade e despesa do internamento hospitalar pediátrico em Portugal Continental. Este reconhecimento e a integração de cuidados paliativos pediátricos desde o diagnóstico são essenciais para adequar a utilização do hospital, desenvolvendo alternativas efetivas e sustentáveis que vão ao encontro das necessidades das crianças, famílias e profissionais.https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/10437CriançaCuidados PaliativosDeterminação de Necessidades de Cuidados de SaúdeHospitalizaçãoPortugal |
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Introdução: Fruto da mudança epidemiológica, o interesse pelas doenças crónicas complexas no sistema de saúde pediátrico tem vindo a crescer. Assim, pretendemos avaliar a utilização do internamento hospitalar do Serviço Nacional de Saúde (Portugal Continental) por doentes pediátricos (0 – 17 anos) com doenças crónicas complexas.
Material e Métodos: Estudo epidemiológico observacional longitudinal retrospetivo (base de dados de morbilidade hospitalar anonimizada). Selecionámos episódios de internamento de doentes pediátricos, entre 2011 – 2015; excluímos recém-nascidos saudáveis e radioterapia ambulatória. Análise descritiva dos episódios de internamento de doentes pediátricos com doenças crónicas complexas, caracterizados por número e categoria de doenças crónicas complexas. Foram aplicados testes não paramétricos à duração de internamento, despesa e mortalidade.
Resultados: Nos 419 927 episódios, constavam códigos de doenças crónicas complexas em 64 918 (15,5%). Estes episódios com doenças crónicas complexas representaram 29,8% dos dias de internamento, 39,4% da despesa e 87,2% dos óbitos. Custaram o dobro dos episódios sem doenças crónicas complexas (€1467 vs €745) e tiveram uma mortalidade 40 vezes superior (2,4% vs 0,06%). Do total, 46,0% foram programados (sem doenças crónicas complexas 23,2%); 64,8% ocorreram em hospitais grupo III – IV (sem doenças crónicas complexas 27,1%). Nos episódios com doenças crónicas complexas, a doença maligna foi a categoria mais frequente (23,0%); a maior demora mediana (12 dias, 6 – 41), despesa mediana (€3568,929 – 24 602) e mortalidade (13,4%) verificaram-se na categoria neonatais.
Discussão: Esta análise mostrou que, embora o número absoluto de internamentos de doentes pediátricos esteja a diminuir em Portugal Continental, à semelhança de outros países desenvolvidos, os internamentos com doenças crónicas complexas têm vindo a aumentar proporcionalmente, sendo mais prolongados, onerosos e com maior probabilidade de morte do que os episódios sem doenças crónicas complexas (tendências acentuadas quando constam duas ou mais doenças crónicas complexas).
Conclusão: As doenças crónicas complexas são relevantes na atividade e despesa do internamento hospitalar pediátrico em Portugal Continental. Este reconhecimento e a integração de cuidados paliativos pediátricos desde o diagnóstico são essenciais para adequar a utilização do hospital, desenvolvendo alternativas efetivas e sustentáveis que vão ao encontro das necessidades das crianças, famílias e profissionais. |
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