Análise de Sentimentos: Da Psicométrica à Psicopolítica

Os dados sobre nossas emoções, os chamados emotional data, constituem hoje uma valiosa commodity coletada e comercializada por plataformas de comunicação digital. Entre os maiores interessados em obtê-la estão corporações financeiras e políticas que, entre outros usos, baseiam suas decisões em info...

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Bibliographic Details
Main Authors: Felipe Melhado, Jean-Martin Rabot
Format: Article
Language:English
Published: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) 2021-06-01
Series:Comunicação e Sociedade
Subjects:
Online Access:https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/2797
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spelling doaj-668a1772258446e6b522d1c393e523642021-06-30T16:02:50ZengCentro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)Comunicação e Sociedade1645-20892183-35752021-06-013910.17231/comsoc.39(2021).2797Análise de Sentimentos: Da Psicométrica à PsicopolíticaFelipe Melhado0Jean-Martin Rabot1Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, PortugalCentro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal Os dados sobre nossas emoções, os chamados emotional data, constituem hoje uma valiosa commodity coletada e comercializada por plataformas de comunicação digital. Entre os maiores interessados em obtê-la estão corporações financeiras e políticas que, entre outros usos, baseiam suas decisões em informações sobre os afetos dos usuários das redes. Existem diferentes formas de se gerar emotional data, e uma delas é a análise de sentimentos. Este artigo aborda algumas características dessa ferramenta, investigando o seu funcionamento e os saberes psicométricos que a constituem. A análise de sentimentos é entendida não apenas como uma ferramenta de detecção de afetos, mas também de produção emocional, uma técnica que opera instrumentalizando as emoções para uma capitalização alheia ao indivíduo. É dessa maneira que é possível delineá-la — para além de um instrumento psicométrico — como um aparato psicopolítico. Neste sentido, conceitos como “sociedade de controle” (Deleuze, 1992), “sociedade confessional” (Bauman, 2012/2014), além da própria noção de “psicopolítica” (Han, 2014/2014b), são úteis para compreendermos aspectos da produção emocional assentes nas novas tecnologias da comunicação. Este artigo, portanto, pretende contribuir para o entendimento de um fator importante, mas ainda algo negligenciado nos estudos sobre big data e vigilância: o monitoramento e a produção de afetos como forma de controle subjetivo. https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/2797emoçõesanálise de sentimentospsicopolíticabig datavigilância
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