Summary: | No início do século 21, os múltiplos processos diaspóricos que moldaram a história do nosso mundo expressam várias relações de violência ontológica e epistêmica. Essas relações, que combinam a emergência da alteridade com a inferioridade, estão na base da relação poder-saber entre os saberes, no cerne das modernas estruturas colonial-capitalistas. Essa relação opera pela imposição permanente de um pensamento abissal caracterizado por uma profunda cisão epistêmica e ontológica. Assumindo o conceito de diáspora como elástico e inclusivo é difícil comparar e traduzir entre várias realidades e experiências diaspóricas e não diaspóricas. Este artigo, inspirado nas Epistemologias do Sul, busca, por um lado, traçar uma cartografia analítica das experiências de lutas contra as condições de opressão que moldam nossos tempos, abordando questões de poder, economia, política e cultura e como esses elementos continuam a reproduzir a relação colonial-capitalista. Por outro lado, partindo do pressuposto de que a diversidade epistemológica do mundo é infinita, procura criar condições para reconhecer, de forma mais profunda, a diversidade de saberes ancorados nas experiências de luta de grupos sociais que viveram múltiplas e sistemáticas situações de injustiça, opressão e destruição. Esta abordagem visa contribuir para a descolonização do conhecimento, debatendo de forma construtiva as experiências promovidas por uma diversidade de comunidades diaspóricas e não diaspóricas, aprofundando os diálogos no Sul global, condição para transformações sociais e políticas para além do colonial-capitalista pensamento abissal.
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