Da Inquietante Estranheza ao Estranhamento enquanto Método

A psicopatologia fundamental pergunta pelo sujeito que padece e não pelas alterações funcionais observáveis, como aquelas que atingem a função senso perceptual. Nesse enfoque, a escuta clínica se dá considerando a forma como o sujeito narra e elabora sua vivência, de modo que um súbito sentimento de...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Marta Regina de Leão D’Agord, Vitor Hugo Couto Triska
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de Fortaleza 2016-05-01
Series:Revista Subjetividades
Subjects:
Online Access:https://periodicos.unifor.br/rmes/article/view/5044
Description
Summary:A psicopatologia fundamental pergunta pelo sujeito que padece e não pelas alterações funcionais observáveis, como aquelas que atingem a função senso perceptual. Nesse enfoque, a escuta clínica se dá considerando a forma como o sujeito narra e elabora sua vivência, de modo que um súbito sentimento de estranhamento ou uma desrealização podem levar a um enriquecimento subjetivo. Este trabalho compara duas situações de perplexidade. A primeira série de cenas se refere ao texto freudiano “Um distúrbio de memória na Acrópole”, no qual um sujeito transforma a perplexidade em um saber sobre si. A segunda situação se refere a cenas do personagem Stephen Dedalus de “Um retrato do artista quando jovem” de Joyce, que, em um episódio, vive os próprios sentimentos em relação a si e aos outros como estranhos, para, em outro momento, tomar o estranhamento como um método para trabalhar a linguagem. Podese estranhar a própria língua, no sentido de se sentir estranho ou de sentir a língua como estranha? Nesse caso, o estranhamento se torna um método de criação poética: poder brincar com a língua por meio da desmontagem e remontagem das palavras para descobrir novos estranhamentos. A análise dessas duas situações conduz à distinção entre a ficção do caso pelo psicanalista e a ficção do personagem pelo autor.
ISSN:2359-0777
2359-0777