Padrões térmicos no alto vale do Zêzere. Condicionantes topográficas e meteorológicas

Os climas das áreas de montanha são mal conhecidos devido à ausência de observações meteorológicas em posições topográficas diferenciadas. Esta lacuna foi colmatada nos Altos  planaltos da Serra da Estrela com a instalação de uma rede de postos termométricos automáticos que registaram a temperatura...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Carla Mora
Format: Article
Language:English
Published: CEG 2009-01-01
Series:Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia
Online Access:https://revistas.rcaap.pt/finisterra/article/view/1377
Description
Summary:Os climas das áreas de montanha são mal conhecidos devido à ausência de observações meteorológicas em posições topográficas diferenciadas. Esta lacuna foi colmatada nos Altos  planaltos da Serra da Estrela com a instalação de uma rede de postos termométricos automáticos que registaram a temperatura instantânea do ar em intervalos de 2 horas durante o ano 2000. com uma classificação k-means foi possível agrupar as observações e identificar quatro principais padrões térmicos. Em dois padrões (2 e 3) registou-se a diminuição da temperatura com a altitude (% dos casos). No entanto, além daqueles padrões mais comuns verificouse que, em 34% dos casos, os fundos dos vales estão mais frios do que os planaltos (padrões 1 e 4). No padrão 1 os lagos de ar frio ocorrem de noite e, no padrão 4, mantêm-se durante a manhã. As causas da ocorrência dos diferentes padrões foram esclarecidas a partir da análise discriminante one-way ANOVA utilizando-se factores explicativos meteorológicos e topográficos. Esta mostrou que os padrões 2 e 3 estão associados a condições de instabilidade atmosférica, com velocidade do vento e humidade relativa superiores às registadas nos outros padrões e movimentos verticais das massas de ar mais intensos (ómega negativo). pelo contrário, os padrões 1 e 4 estão associados a condições de estabilidade atmosférica. As variáveis com maior grau de explicação foram integradas na análise discriminante, que classifica correctamente 74% dos casos. A primeira função (71%) discrimina os eventos nocturnos dos diurnos e a segunda (41%) os eventos em função do grau de estabilidade atmosférica. os resultados ilustram bem o efeito do relevo sobre as temperaturas do ar e poderão ser extrapolados para montanhas com condições climáticas e topográficas semelhantes.  o conhecimento do efeito de sombra induzido pelos vales e a sua repercussão na manutenção dos lagos de ar frio durante a manhã em vales de orientação Norte-Sul é especialmente importante para o ordenamento e em estudos de impacte ambiental.
ISSN:0430-5027
2182-2905