Summary: | O artigo propõe uma interpretação do experimento das UPPs a partir do (já clássico) enquadramento teórica proposto por Veena Das e Deborah Poole e com base no referencial empírico de três casos (ou cenas) que nos escancaram os deslocamentos da atividade policial em contextos de “pacificação”. O artigo tem o objetivo de apresentar um olhar mais apurado sobre a atuação policial em espaços militarizados da cidade do Rio de Janeiro, entendendo que uma agenda de estudos interessante emerge quando nos debruçamos sobre tais práticas de ordenamento urbano e gestão de populações. A partir de uma literatura que permite identificar as margens que sedimentam a forma de atuação do Estado nas favelas, vimos como a imagem veiculada pelos órgãos de segurança pública, que legitimam as favelas como territórios apartados da cidade formal e que, por isso mesmo, precisam ser resgatados, se contrapõem às cenas aqui recontadas, que salientam os aspectos “borrados” desta busca pela formalidade, presente nas práticas dos representantes estatais que agem dentro ou fora da legalidade, bem como nas próprias práticas locais, que criam as regras que se sobrepõem ao exercício formal da lei. São essas formas de (i)legibilidade que, nos espaços favelizados e em contextos situados, recriam o próprio Estado.
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