Summary: | Na sociedade atual, as ideias de realização, frustração, sucesso ou fracasso não só obedecem a uma lógica neoliberal que mantém sua hegemonia no domínio das relações de poder como ficam, ainda, estabelecidas como responsabilidade dos próprios sujeitos. A ascensão de uma cultura individualista traz consigo a primazia do indivíduo sobre o coletivo, e da competição sobre a cooperação. De maneira mais ou menos generalizada, as exigências que a sociedade e o mercado estabelecem com relação ao trabalhador ficam num patamar ideal e de excelência inalcançável – servem também à composição de um sistema de (auto-)exploração que funciona num nível imaginário e de caráter narcisista, no qual as exigências com o desempenho profissional se sobrepõem às demais experiências: uma espécie de naturalização de sacrifícios pessoais em prol de compromissos relacionados ao trabalho. O mal-estar atual inerente à organização do trabalho e às questões do consumo e da aparência assume novas formas e a angústia e sofrimento consequentes acabam por dominar o sujeito: a ideia, por fim, é que tenhamos condições, perante as imposições culturais de um modo hegemônico de produção, para desenvolvermos pensamentos e posicionamento críticos mais conscientes e que prezem também pela saúde, pelas relações “desinteressadas” e pelo tempo livre.
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