"Mas afinal, o que querem as mulheres?" O lugar da mulher na obra Em surdina
Em Surdina (1933) é o segundo romance publicado por Lúcia Miguel Pereira. Como explica Luís Bueno (2006), essa obra apresenta forte tendência documental, comum nos romances sociais da década de 30. Assim, põe em destaque as contradições do tempo, desde a desagregação de valores, passando aos costum...
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2021-05-01
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doaj-b0eec21e8d014d6db21edc6679a904f92021-05-13T04:17:55ZspaUniversidade de São PauloRevista Criação & Crítica1984-11242021-05-0129"Mas afinal, o que querem as mulheres?" O lugar da mulher na obra Em surdinaEdwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de Almeida0Universidade Estadual de Montes Claros Em Surdina (1933) é o segundo romance publicado por Lúcia Miguel Pereira. Como explica Luís Bueno (2006), essa obra apresenta forte tendência documental, comum nos romances sociais da década de 30. Assim, põe em destaque as contradições do tempo, desde a desagregação de valores, passando aos costumes, ao papel mediador do trabalho na construção das identidades, à economia e às relações internacionais. Contudo, o mais evidente diálogo com o contexto pode ser entrevisto na postura das personagens, sobretudo no temor de viver a vida por algumas mulheres. Há, na narrativa, aquelas criaturas que experimentam diversos tipos de sensações, porém a narrativa é protagonizada por Cecília. Esta tem sua existência questionada a partir do pedido de casamento. Se no discurso tradicional, o casamento constitui uma forma de controle do homem sobre a mulher, contraditoriamente, nessa narrativa, o casamento é posto, na perspectiva crítica do narrador, como a única forma encontrada pela mulher para gozar a vida. Esse convite ao carpe diem provoca em Cecília certo questionamento sobre si mesma e sobre o contexto tradicional que condiciona as práticas, sobretudo das mulheres. Portanto, a narrativa nos apresenta mecanismos de reflexões sobre o modo de vida da mulher e o lugar ocupado por ela naquela sociedade, tanto a ficcional quanto a real. https://www.revistas.usp.br/criacaoecritica/article/view/168633MulherCríticaTradiçãoDécada de 30Lúcia Miguel Pereira |
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Em Surdina (1933) é o segundo romance publicado por Lúcia Miguel Pereira. Como explica Luís Bueno (2006), essa obra apresenta forte tendência documental, comum nos romances sociais da década de 30. Assim, põe em destaque as contradições do tempo, desde a desagregação de valores, passando aos costumes, ao papel mediador do trabalho na construção das identidades, à economia e às relações internacionais. Contudo, o mais evidente diálogo com o contexto pode ser entrevisto na postura das personagens, sobretudo no temor de viver a vida por algumas mulheres. Há, na narrativa, aquelas criaturas que experimentam diversos tipos de sensações, porém a narrativa é protagonizada por Cecília. Esta tem sua existência questionada a partir do pedido de casamento. Se no discurso tradicional, o casamento constitui uma forma de controle do homem sobre a mulher, contraditoriamente, nessa narrativa, o casamento é posto, na perspectiva crítica do narrador, como a única forma encontrada pela mulher para gozar a vida. Esse convite ao carpe diem provoca em Cecília certo questionamento sobre si mesma e sobre o contexto tradicional que condiciona as práticas, sobretudo das mulheres. Portanto, a narrativa nos apresenta mecanismos de reflexões sobre o modo de vida da mulher e o lugar ocupado por ela naquela sociedade, tanto a ficcional quanto a real.
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