Summary: | O artigo trata da disseminação, da tradução e da recriação da obra De la Liberté des Peuples et des Droits des Monarques Appelés à les Gouverner (1818) do autor Civique de Gastine (1793-1822) nas publicações do Correio do Rio de Janeiro de 1822. Seu redator João Soares Lisboa é considerado um dos redatores mais radicais da província a atuar no processo de Independência do Brasil e foi o primeiro e único a ser condenado por conluio republicano na história do Império. Graças à divulgação e participação na redação da Representação do Povo do Rio de Janeiro, que pedia a convocação de Cortes do Brasil ao príncipe regente D. Pedro, sua trajetória se tornou menção obrigatória nas narrativas sobre a história do processo de Independência do Brasil, tanto para valorizar sua iniciativa, quanto para explicar seu radicalismo. Não obstante, é possível analisar o seu engajamento e o desenvolvimento das ideias de cidadania, de participação e de soberania popular em uma monarquia constitucional pela disseminação, circulação, troca cultural e recriação de publicações ibero-americanas, sobretudo, da obra de Civique de Gastine. Autor pouco divulgado nos periódicos da época, ele é lembrado como “abolicionista” por conta de suas obras que defendiam a abolição da escravidão e a independência de São Domingos. Diante desse cenário, João Soares Lisboa é responsável por sua tradução e releitura, de modo a disseminar as suas ideias como sua principal referência teórica e, ao mesmo tempo, torná-las possíveis em uma monarquia constitucional para o Brasil aos olhos de um redator e negociante pertencente a um grupo de liberais formado pela prática mercantil e impressos em circulação, especialmente no final do século XVIII
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