Apenas um trickster pode nos salvar: hiperordenando posições de identidade queer

A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polêmica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de gênero ao confiar em uma metodologia original, que não rejeita as armadilhas de uma cultura viciada em tecnociência, tampouco simplesmente as abraça; mas, ao cont...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Jacob W. Glazier, Mariana Lage, Matheus de Simone
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal de Ouro Preto 2018-08-01
Series:Artefilosofia
Subjects:
Online Access:https://www.periodicos.ufop.br/raf/article/view/1704
Description
Summary:A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polêmica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de gênero ao confiar em uma metodologia original, que não rejeita as armadilhas de uma cultura viciada em tecnociência, tampouco simplesmente as abraça; mas, ao contrário, desenvolve uma metodologia que habita as ditas posições críticas por meio da ironia, da hipérbole e da iconoclastia. Essa abordagem é batizada aqui de hiperordenamento [hypercommandeering]: um neologismo que combina a afinidade hiperativa do excesso, da decadência e da superprodução na pós-modernidade com as conotações políticas de ordenações do blitzkrieg, necessárias à sobrevivência num contexto como esse. Assim sendo, este projeto dança e se desvia entre figuras de linguagem na medida em que, dada a ontologia subjacente do trickster, o ato de exagerar e inverter significados revela mais a respeito da verdade do que um argumento linear, desmentindo uma metalinguagem fingida e, portanto, imperialista. Esse é o caminho da geratividade, e não de objetivos finais – de ser capaz de falar todas as línguas possíveis por meio da heteroglossia metodológica, a partir da qual se origina uma instância política que não é a de anarquismo nem a de imperialismo, mas a de uma cabeça de Janus. As estratégias do trickster podem atacar os flancos da cortina de ferro da metonímia e violá-la por meio do artifício. Um exemplo de hiperordenamento é dado por meio de uma leitura do desfile VOSSde primavera/verão de 2011 do estilista Alexander McQueen. 
ISSN:1809-8274
2526-7892