Apenas um trickster pode nos salvar: hiperordenando posições de identidade queer
A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polêmica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de gênero ao confiar em uma metodologia original, que não rejeita as armadilhas de uma cultura viciada em tecnociência, tampouco simplesmente as abraça; mas, ao cont...
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Format: | Article |
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Universidade Federal de Ouro Preto
2018-08-01
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Series: | Artefilosofia |
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Online Access: | https://www.periodicos.ufop.br/raf/article/view/1704 |
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doaj-d15e7935aa8749e6836061d1e21dce562021-06-22T13:24:52ZengUniversidade Federal de Ouro Preto Artefilosofia1809-82742526-78922018-08-011324Apenas um trickster pode nos salvar: hiperordenando posições de identidade queerJacob W. Glazier0Mariana LageMatheus de SimoneProfessor no Departamento de Psicologia da Universidade de West Georgia.A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polêmica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de gênero ao confiar em uma metodologia original, que não rejeita as armadilhas de uma cultura viciada em tecnociência, tampouco simplesmente as abraça; mas, ao contrário, desenvolve uma metodologia que habita as ditas posições críticas por meio da ironia, da hipérbole e da iconoclastia. Essa abordagem é batizada aqui de hiperordenamento [hypercommandeering]: um neologismo que combina a afinidade hiperativa do excesso, da decadência e da superprodução na pós-modernidade com as conotações políticas de ordenações do blitzkrieg, necessárias à sobrevivência num contexto como esse. Assim sendo, este projeto dança e se desvia entre figuras de linguagem na medida em que, dada a ontologia subjacente do trickster, o ato de exagerar e inverter significados revela mais a respeito da verdade do que um argumento linear, desmentindo uma metalinguagem fingida e, portanto, imperialista. Esse é o caminho da geratividade, e não de objetivos finais – de ser capaz de falar todas as línguas possíveis por meio da heteroglossia metodológica, a partir da qual se origina uma instância política que não é a de anarquismo nem a de imperialismo, mas a de uma cabeça de Janus. As estratégias do trickster podem atacar os flancos da cortina de ferro da metonímia e violá-la por meio do artifício. Um exemplo de hiperordenamento é dado por meio de uma leitura do desfile VOSSde primavera/verão de 2011 do estilista Alexander McQueen. https://www.periodicos.ufop.br/raf/article/view/1704Estudos de gêneroDonna HarawayAlexander McQueenTeoria queerTricksterEstética queer |
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A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polêmica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de gênero ao confiar em uma metodologia original, que não rejeita as armadilhas de uma cultura viciada em tecnociência, tampouco simplesmente as abraça; mas, ao contrário, desenvolve uma metodologia que habita as ditas posições críticas por meio da ironia, da hipérbole e da iconoclastia. Essa abordagem é batizada aqui de hiperordenamento [hypercommandeering]: um neologismo que combina a afinidade hiperativa do excesso, da decadência e da superprodução na pós-modernidade com as conotações políticas de ordenações do blitzkrieg, necessárias à sobrevivência num contexto como esse. Assim sendo, este projeto dança e se desvia entre figuras de linguagem na medida em que, dada a ontologia subjacente do trickster, o ato de exagerar e inverter significados revela mais a respeito da verdade do que um argumento linear, desmentindo uma metalinguagem fingida e, portanto, imperialista. Esse é o caminho da geratividade, e não de objetivos finais – de ser capaz de falar todas as línguas possíveis por meio da heteroglossia metodológica, a partir da qual se origina uma instância política que não é a de anarquismo nem a de imperialismo, mas a de uma cabeça de Janus. As estratégias do trickster podem atacar os flancos da cortina de ferro da metonímia e violá-la por meio do artifício. Um exemplo de hiperordenamento é dado por meio de uma leitura do desfile VOSSde primavera/verão de 2011 do estilista Alexander McQueen. |
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