Summary: | Resumo: O pensamento científico sobre o corpo da mulher sofreu várias modificações no decorrer do tempo. Isto ocorre porque a biologia interage com a história e a cultura para produzir uma experiência única sobre a saúde. No caso específico da menopausa, ela deixou de ser entendida como uma ocorrência natural do processo de envelhecimento da mulher e passou a ser vista como uma doença que requer intervenção médica e farmacêutica. Este artigo analisa como esta nova perspectiva sobre a menopausa aparece no contexto de atendimento do Ambulatório de Menopausa do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher - CAISM. Buscou-se em particular conhecer as narrativas das mulheres atendidas em função da menopausa e identificar a influência do modelo médico-científico vigente em tais narrativas. A análise se baseia em material coletado no hospital-escola durante o período de setembro de 2009 a outubro de 2010, abrangendo observações no Ambulatório de Menopausa e dos materiais informativos que lá são distribuídos, entrevistas com mulheres e profissionais de saúde, além do acompanhamento do grupo de apoio psicológico oferecido no local. São apresentadas evidências da construção do conhecimento médico-científico sobre a menopausa a partir de um padrão "masculino" de normalidade, que representa o corpo feminino como doente e inferior.
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