Summary: | Este artigo apresenta uma investigação sobre narrativas de autoria surda destinadas ao público juvenil e adulto, as quais circulam no Brasil através de livros escritos em português. Considerando a pesquisa em dez livros (MÜLLER, 2012), de diferentes gêneros textuais, que se aproximam pela constituição do espaço biográfico, objetiva-se desenvolver uma análise discursiva e documental, buscando responder como e que marcas culturais surdas são produzidas pelos autores em suas narrativas. A investigação do material empírico, que tematiza as dificuldades vivenciadas, também expressas através da escrita, possibilita evidenciar as principais marcas culturais surdas: a narrativa da experiência de si e a identidade surda como uma diferença. Cabe salientar que narrar-se em uma segunda língua, neste caso, em português, por surdos usuários de Língua Brasileira de Sinais (Libras), possibilita traduzir-se em outras culturas, legitimando o discurso surdo e potencializando a sua cultura através da visibilidade e da difusão cultural possibilitada por essas obras. Os livros, aqui também entendidos como artefatos culturais, constituem-se recurso em um território de reivindicações e de negociações político-pedagógicas. Vinculado aos Estudos Culturais em Educação e aos Estudos Surdos, este trabalho dá continuidade a e consolida pesquisas sobre cultura surda e educação; também problematiza relações de poder envolvidas na construção de significados, sobretudo no campo da educação, aqui entendida como um processo de condução da vida social e individual dos sujeitos. Esta investigação integra as pesquisas desenvolvidas no projeto Produção, Circulação e Consumo da Cultura Surda Brasileira.
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