Subjetividade e interseccionalidade: experiências de adoecimento de mulheres negras com doença falciforme

O presente estudo teve como objetivo conhecer e analisar a história de mulheres negras com doença falciforme e compreender como a subjetividade destas é construída e confrontada a partir dos sentidos subjetivos associados aos marcadores de gênero, raça e classe social. Para entender os sentidos e co...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Eliana Costa Xavier, Kátia Bones Rocha
Format: Article
Language:English
Published: Universidad del Rosario 2017-05-01
Series:Avances en Psicología Latinoamericana
Subjects:
Online Access:https://revistas.urosario.edu.co/index.php/apl/article/view/3804
Description
Summary:O presente estudo teve como objetivo conhecer e analisar a história de mulheres negras com doença falciforme e compreender como a subjetividade destas é construída e confrontada a partir dos sentidos subjetivos associados aos marcadores de gênero, raça e classe social. Para entender os sentidos e configurações subjetivas utilizamos entrevistas semi abertas com questões semi-estruturadas que foram exploradas através da análise crítica do discurso. As participantes foram 9 mulheres negras acompanhadas pelo Centro de Referência da Anemia Falciforme do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A participação das mulheres nesse estudo exploratório de delineamento qualitativo estava condicionada à auto identificação como negra e ao diagnóstico de doença falciforme. Os resultados mostraram que as mulheres negras percebem a sua condição de saúde como uma doença que estreita os laços entre seu pertencimento racial e as suas construções de gênero e de classe. O discurso das mulheres negras com doença falciforme transcendeu à complexidade da doença crônica, transformando-a e construindo possibilidades que as potencializam como mulheres, como mães e como sujeitos sociais. Sobre os sentidos subjetivos elas assinalaram que a interseccionalidade de raça e classe social intensifica a cegueira pública da mulher negra e das questões relacionadas à população negra e isto provoca um sentimento de invisibilidade. Com relação à construção de gênero, as mulheres negras incorporaram o autocuidado como uma dimensão que minimiza o impacto subjetivo da enfermidade. Ao mesmo tempo, o estudo legitima o sentido subjetivo da maternidade na história das mulheres negras, ser mãe foi uma experiência incontestável que deu “cor” às suas vidas.
ISSN:1794-4724
2145-4515