Summary: | Objetivo: Trata-se do relato da trajetória de Sofia que teve suas filhas gêmeas adotadas compulsoriamente. Analisa-se seu percurso nas redes do Sistema Único de Assistência Social em Belo Horizonte, MG, discutindo como o julgamento e os estereótipos criados nesta trajetória definiram a adoção.
Métodos: Pesquisa qualitativa, do tipo interferência, delineado como estudo de caso, definido a partir da experiência e percurso de uma usuária-guia.
Resultados: O percurso de Sofia nos múltiplos pontos da rede foi atravessado por estabelecimento de vínculos, demandas, ofertas e desejos. O fato de ser mulher, negra, pobre, usuária de drogas, ter trajetória de rua, vínculos fragilizados ou rompidos, parece ter contribuído na construção de falas relativas às incapacidades e estereótipos acerca de Sofia.
Conclusão: A adoção compulsória foi resultado de um complexo processo que envolveu julgamentos sobre Sofia, sem considerar seus desejos, demandas e necessidades. As redes existentes foram limitadas para captar e apreender toda a amplitude e pluralidade das demandas apresentadas e para operar na produção do cuidado. Assim, os direitos de vir a ser de Sofia foram sequestrados com a adoção de suas filhas.
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