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Previous issue date: 2016-05-17 === Este estudo objetiva analisar aspectos das inter-relaçoes estabelecidas entre surdos e ouvintes no processo de apropriação do conhecimento escolar por estudantes surdos numa sala de ensino comum dos anos iniciais do ensino fundamental. O interesse pela processualidade das e nas inter-relações estabelecidas entre aqueles que constituem o cotidiano da sala de aula, as práticas, os saberes e o conhecimento escolar direcionou o estudo para o aprofundamento de discussões e reflexões em torno da escolarização de estudantes surdos, matriculados numa escola pública bilíngue do sistema municipal de ensino de Vitória/ES, não sendo, porém, a expectativa produzir afirmações generalizadas ou absolutas quanto ao modelo de escola ideal para os estudantes surdos. O estudo toma como referência os pressupostos da Sociologia Figuracional, elaborados por Norbert Elias (1993, 1994a, 1994b, 2000, 2001a, 2001b, 2011). Para o autor, o ser humano tem a capacidade de aprender na sociedade, seja de forma individual, seja de forma coletiva, e, nesse sentido, a todo o tempo, somos confrontados a criar uma ordem social que atenda às necessidades e inclinações dos indivíduos. O estudo dialoga, também, com a literatura do campo da educação especial, particularmente com os trabalhos que tratam das práticas pedagógicas desenvolvidas em classes de ensino comum que contam com a matrícula de estudantes surdos. Em termos teórico-metodológicos, a pesquisa é de natureza qualitativa e foi desenvolvida sob a perspectiva da pesquisa-ação colaborativo-crítica, conforme estudos de Jesus, Almeida e Sobrinho (2005). Os procedimentos utilizados na pesquisa foram observações, entrevistas, intervenções nas aulas de uma turma dos anos iniciais do ensino fundamental, estudo de documentos e a realização da formação em contexto, que surgiu durante o processo do trabalho em campo. Coerentemente com a abordagem teórico-metodológica da pesquisa-ação colaborativo-crítica, observam-se, permanentemente, não apenas as decisões, as escolhas, as tentativas de mudança, mas também os movimentos de tensões presentes nas inter-relações estabelecidas nas atividades letivas desenvolvidas no ensino comum. Nesse processo de investigação, os estudantes surdos e os seus colegas de turma, bem como os profissionais do ensino comum professores, equipe gestora, profissionais da área da surdez que atuam naquele contexto formativo-educativo, constituem-se em sujeitos da pesquisa. As discussões desenvolvidas permitem, por fim, considerar
que a prática pedagógica constitui o cerne da natureza e da especificidade do trabalho escolar. Porém, a prática pedagógica não se dá num vazio histórico e sociológico. Nesse sentido, a presença de estudantes surdos no ensino comum provoca movimentos e tensões muito específicos. O envolvimento de colegas de turma e dos professores no processo de elaboração e de implementação das práticas pedagógicas pode repercutir positivamente na ampliação dos saberes docentes e na reconfiguração dos tempos e espaços de ensino e de aprendizagem na escola comum. Nesse movimento, outros dispositivos pedagógicos podem emergir e ganhar sentido. Os saberes produzidos pelos sujeitos implicados nesse processo têm potencialidade de ressignificar as crenças sociais relativas à educabilidade dos sujeitos surdos.
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