A autopoiese urbana: degradação e revitalização da cidade

Submitted by Reginaldo Soares de Freitas (reginaldo.freitas@ufv.br) on 2017-01-11T12:26:02Z No. of bitstreams: 1 texto completo.pdf: 610275 bytes, checksum: a8afe15f36b85263bf6dea7808dc5f6b (MD5) === Made available in DSpace on 2017-01-11T12:26:02Z (GMT). No. of bitstreams: 1 texto completo.pdf:...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Berdague, Camila da Silva
Other Authors: Gomes, Elaine Cavalcante
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Viçosa 2017
Subjects:
Online Access:http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9315
Description
Summary:Submitted by Reginaldo Soares de Freitas (reginaldo.freitas@ufv.br) on 2017-01-11T12:26:02Z No. of bitstreams: 1 texto completo.pdf: 610275 bytes, checksum: a8afe15f36b85263bf6dea7808dc5f6b (MD5) === Made available in DSpace on 2017-01-11T12:26:02Z (GMT). No. of bitstreams: 1 texto completo.pdf: 610275 bytes, checksum: a8afe15f36b85263bf6dea7808dc5f6b (MD5) Previous issue date: 2004-08-04 === Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico === A população urbana brasileira superou a população rural, pela primeira vez, ainda na década de 60, provocando uma inversão demográfica com resultados desastrosos. Paralelamente a urbanização da população, cresceram a desigualdade social, a violência, os congestionamentos e todo tipo de problemas ambientais, que preenchem as paginas tanto de revistas especializadas quanto populares, reforçando a percepção do grau de degradação em que se encontram nossas cidades. Apesar da gravidade da situação, poucos estudos são realizados sobre os processos de degradação e recuperação especificamente de áreas urbanas, fora do âmbito do urbanismo. Isto pode ser constatado nos Anais dos SINRAD - Simpósio Brasileiro de Recuperação de Áreas Degradadas, onde menos de 15% dos trabalhos apresentados nos cinco eventos realizados referem-se ao tema. Contudo, o que distingue o processo de degradação de áreas urbanas e de áreas consideradas rurais, ou ainda, naturais? A principal diferença está na complexidade do urbano. Utilizando os conceitos da Teoria de Santiago, desenvolvida pelos biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela, e a sua aplicação aos sistemas sociais, desenvolvida pelo sociólogo alemão Niklas Luhman, foi possível formular uma nova concepção para cidade e seus processos de degradação e revitalização. Concebeu-se então o urbano como um subsistema ou semiosfera da sociedade humana total, que gera e é gerado pela cultura urbana, e que tem como diferença diretriz a dicotomia cidade/campo. Esta dicotomia opera como elemento de distinção física, psíquica e social, conformando uma identidade urbana. 0 urbano e autocriativo (produz continuamente a si próprio), autoIimitado (opera distinções que conformam uma fronteira) e autoperpetuador (é capaz de desenvolver sua própria filogenia). O seu processo de formação e expansão - urbanização - e um processo autopoiético, um contínuo ser e fazer por cujo intermédio distingue-se do meio natural. As cidades, por sua vez, são subsistemas dentro do urbano (constituídos por elementos físicos e simbólicos), criados e selecionados ao longo do tempo pela cultura, de modo que sua inter-relação garantisse maior plasticidade ao sistema como um todo. Além de subsistemas do urbano, as cidades também são formas físicas de armazenamento e transmissão de linguagem, acopladas sincronicamente com sistemas psíquicos e sociais, conformando uma rede de atualizações (influências) cíclicas e recorrentes. São a manifestação física - através de redes e interações entre a malha viária e espaços públicos e privados - das nossas redes e interações sociais. Assim como o urbano, as cidades são capazes de produzir a si mesmas e especificar seus próprios limites. Por meio do pensamento sistêmico e utilizando ferramentas desenvolvidas especialmente para expressar dinãmicas ou inter- relações, foi possível elaborar um modelo teórico que explicasse os processos de atualização da estrutura do sistema sócio-espacial urbano e manutenção de sua autopoiese. Acredita-se que os cursos d'água, sejam um interessante ponto de partida para a revitalização urbana devido a suas características inerentes e também porque o próprio ciclo hídrico e muitas vezes interpretado como um tipo de comportamento, o que e o primeiro passo para dar início a concepção de um sistema mais abrangente integrado por humanos e não-humanos, permitindo que estes participem da construção de uma teia complexa de interações multiniveladas, re-tecendo a teia da vida. === Growing social inequalities, violence, crowding and all kinds of other environmental problems accompanied this increase in urbanization. These problems fill the pages of both specialized and popular magazines, reinforcing the perception of the degree of degradation in which we find our cities. Despite the seriousness of the situation, few studies outside of the urban planning ambience have been done specifically on the processes of urban degradation and recuperation. This may be verified by examining the Proceedings of the SINRAD symposiums (Brazilian Symposium on Recuperation of Degraded Lands) in which less than 15% of the papers presented in the five events held to date refer to this topic. But what distinguishes the urban area degradation process from what occurs in places considered rural or even in natural areas? The principal difference lies in the urban complex. Using concepts from the Theory of Santiago, developed by the Chilean biologists Humberto Maturana and Francisco Varela, and application to social systems developed by the German sociologist Niklas Luhman, this study formulates a new conception of the city and its processes of degradation and revitalization. That which is urban is thereby conceived as a subsystem or semiosphere of total human society, which generates, and is generated by, urban culture, and which has as guiding difference the city/rural countryside dichotomy. This dichotomy operates as an element of physical, psychic and social distinction, configuring an urban identity. To be urban is to be self-creative (continually producing itself), self-Iimiting (operating distinctions which configure a frontier) and self-perpetuating (capable of developing its own phylogeny). Its process of formation and expansion - urbanization - is an autopoietic process, a continuous being and doing which as an intermediary, distinguishes itself from the natural environment. As for the cities, they are subsystems within that which is urban (constituted by physical and symbolic elements), created and selected over time by culture in such a way that their inter-relation guarantees greater plasticity for the system as a whole. In addition to urban subsystems, cities also are physical forms for storing and transmitting language, coupled synchronically with psychic and social systems, configuring a net of cyclical and reoccurring actualizations (influences). They are the physical manifestation - by means of nets and interactions between the transportation grid and public spaces - of our social networks and interactions. Just as that which is urban does, cities are capable of producing themselves and specifying their own limits. By means of systemic thinking and using tools especially developed for expressing dynamics or inter-relations, this study developed a theoretical model, which could explain the structure actualization processes of the socio-spatial urban system and maintenance of its autopoiesis. It is believed that stream courses would be an interesting starting point for urban revitalization, given their inherent characteristics and also because the hydrologic cycle itself is oftentimes interpreted as a type of behavior, which is the first step to begin conceptualizing a broader system integrated by humans and non-humans, permitting that these participate in the construction of a complex web of multilevel interactions, re-weaving the web of life.