Summary: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social === Made available in DSpace on 2013-07-16T02:45:41Z (GMT). No. of bitstreams: 1
228083.pdf: 9071896 bytes, checksum: fc1231656f10a748374da0c896957ef1 (MD5) === Esta tese trata da reelaboração da identidade étnica indígena, em momentos de extremo conflito, a partir das performances culturais observadas nas festas, rituais e eventos públicos, dos índios Xukuru, em Pernambuco. Para efetivar este estudo, realizei trabalho de campo durante o ano de 2003. Os Xukuru disputam há muito tempo as suas terras que se encontravam nas mãos dos fazendeiros da região. Sob a liderança do Cacique Chicão, conseguiram delimitar e demarcar a terra indígena (TI). Após o assassinato do cacique Chicão, em 1998, por um fazendeiro da região, seu filho Marcos Luidson, assumiu o cacicado. Apesar da mobilização Xukuru ir contra a estrutura fundiária e política que predomina na região, até o ano de 2000, nenhuma mudança mais significativa tinha sido processada nas relações políticas e econômicas locais. No entanto, com o início do processo de desintrusão dos posseiros da TI Xukuru, o controle territorial passou diretamente para as mãos dos Xukuru, prevalecendo a idéia de uma terra com base na apropriação comunitária. Isso impõe limites ao controle externo, principalmente às ações da prefeitura e dos políticos locais, e prevê também novas formas de gerenciamento da área. A partir do momento em que começou a devolução das terras aos índios, iniciou-se também um processo de disputa interna entre dois grupos da mesma etnia: os Xukuru do Ororubá (lideranças tradicionais) e os Xukuru de Cimbres (grupo dissidente). Em 2003, o conflito atingiu seu ápice com o atentado ao cacique Marcos e a morte de dois índios que estavam com ele. Em seguida, os Xukuru do Ororubá expulsaram da terra indígena os índios pertencentes ao grupo dissidente. Com isso, as festas, os rituais e eventos públicos de 2003, foram importantes ocasiões para observar os Xukuru do Ororubá, em processo de reestruturação das relações de poder e de suas tradições.
This thesis deals with the restructuring of the ethnic identity of indigenous peoples in times of extreme conflict and is based on observations of cultural performances during the festivals, rituals and public events of the Xukuru people in the State of Pernambuco, Brazil. Fieldwork for the study was carried out in the year 2003. The Xukuru have for a long time been fighting for their land, which is at present in the hands of local plantation owners. Under the leadership of Chief Chicão, they succeeded in marking out their indigenous territory (IT). Following the murder of Chief Chicão, in 1998 by a local plantation owner, the chief's son Marcos Luidson, took over leadership of the tribe. Although the mobilization of the Xukuru people goes against the political and territorial status quo in the region, until the year 2000, there had been no significant change in political and economic relations in the locality. However, when removal of the title-holders of the Xukuru IT began, control of the territory passed directly into the hands of the Xukuru people, and the idea of communally owned land came to prevail. This imposes restrictions on external control, principally on the action of the municipal council and local authorities, and entails new ways of managing the area. From the moment that handover of the land to the indigenous people began, an internal dispute broke out between two factions of the same ethnic group: the Xukuru from Ororubá (the traditional leaders) and the Xukuru from Cimbres (a dissident group). In 2003, the conflict reached its height with an attempt on the life of Chief Marcos and the murder of two of his associates. Subsequently, the Xukuru from Ororubá drove the dissident group off their indigenous land. For this reason, the festivals, rituals and public events of 2003 presented an important opportunity to observe how the Xukuru from Ororubá were restructuring their power relations and traditions.
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