Trajetórias de uma língua (mal)dita: supressão, legalidade e emergência do ensino da língua italiana nas escolas públicas de Santa Catarina (1996-2012)
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, Florianópolis, 2015. === Made available in DSpace on 2016-10-19T13:12:25Z (GMT). No. of bitstreams: 1 339592.pdf: 11830020 bytes, checksum: 6075f116daf...
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Sociologia Sociologia politica Lingua italiana Estudo e ensino Santa Catarina Escolas públicas Santa Catarina Fabro, Maristela Fátima Trajetórias de uma língua (mal)dita: supressão, legalidade e emergência do ensino da língua italiana nas escolas públicas de Santa Catarina (1996-2012) |
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Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, Florianópolis, 2015. === Made available in DSpace on 2016-10-19T13:12:25Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 === Santa Catarina, durante o Estado Novo (1937-1945), sofreu forte influência da política de nacionalização do então Presidente Getúlio Vargas, atingindo, pela educação, os imigrantes de origem italiana e germânica, principalmente, e seus descendentes que ainda utilizavam a língua materna na comunicação pessoal e na alfabetização das crianças. Para impor a língua portuguesa, o Interventor Nereu Ramos tomou diferentes medidas de domínio e de cunho repressivo para que a língua estrangeira fosse abandonada no estado catarinense. Com esta prerrogativa, esta tese objetivou compreender o texto e o contexto do processo de reconhecimento por parte do Estado brasileiro do plurilinguismo e se os acontecimentos do processo de nacionalização ainda ressoavam, em 2012, nos grupos de(as) professores(as) da língua italiana das escolas públicas de Santa Catarina. Hoje os descendentes de imigrantes italianos, dado o contexto de democracia representativa e a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ? LDB (Lei 9.394), pelo seu artigo 26, têm possibilidade de estudar a língua italiana em escolas públicas de Santa Catarina, bem como, de expressar-se livremente em italiano e de promover e manter a dita ?italianidade? nos municípios cujos eventos culturais geram turismo e movimentam a economia local. Perscrutou-se os acontecimentos mundiais, nacionais e locais na questão da língua, direitos linguísticos, e multiculturalismo, para fins de revisão, bem como, foram realizadas 24 entrevistas com professores(as) que ministram o ensino da língua italiana nas 48 escolas públicas de diferentes municípios (Ascurra, Arroio Trinta, Concórdia, Iomerê, Jaborá, Jaraguá do Sul, Lacerdópolis, Laurentino, Lindóia Do Sul, Morro Grande, Nova Veneza, Rio do Sul, Rodeio, Rio Do Oeste, Salto Veloso, São Joaquim, Siderópolis, Taió, Urussanga), apresentando, através de falas e fotografias, peculiaridades concernentes ao objeto de estudo. Com a implantação da LDB e com a assinatura de acordos firmados entre Brasil e Itália do pós-guerra, uma das línguas denominada de imigração, antes proibida, pode ser novamente ensinada nas escolas brasileiras, que, contudo, não é mais a mesma língua de ascendência, mas sim a língua standard. As crianças catarinenses agora voltam às salas de aulas para aprender a língua italiana, não mais a considerada língua proibida, mas a que os nonnose os nonnas não reconhecem mais. Entretanto, pelas falas dos professores(as) entrevistados(as), encontraram-se indícios de ressentimento advindos da proibição a que eram submetidos seus ascendentes, por questões12políticas, de se expressar em italiano e de ensinar aos seus filhos e netos a língua materna. Por outro lado, o sentimento que os entrevistados deixaram transparecer desveladamente é o orgulho de se sentirem pertencentes à origem italiana.<br> === Abstract : In the period of Estado Novo (1937-1945), Santa Catarina suffered strong influence of the nationalization policy spread by the president Getúlio Vargas, reaching, by education, mainly immigrants of Italian and German origin, and their descents who still used their mother language in the personal communication and in the literacy of children. In order to impose the Portuguese language, the Interventor Nereu Ramos took different actions of control and repression hoping that the foreign language was renounced in the state of Santa Catarina. This thesis aimed at understanding the text and context of the process of recognizing the plurilingualism by the Brazilian state, as well as if such process was still reverberating, in 2012, in the groups of Italian teachers from the public schools of Santa Catarina. Following local, national and world events regarding language issues, language rights and multiculturalism, nowadays the Italian immigrant descendants, considering the context of representative democracy and the New Law of Guideline and Bases of National Education ? LDB (Law 9.394), according to the article 26, have the possibility of studying the Italian language in public schools of Santa Catarina, as well as expressing themselves freely in Italian, promoting and maintaining their culture in cities in which cultural events promote the tourism and boost the local economy. Research were done in world, national and local events in the subject of language, language rights and multiculturism, for purposes of revision, as 24 interviews were conducted with professors who teach Italian in 48 public schools of different cities (Ascurra, ArroioTrinta, Concórdia, Iomerê, Jaborá, Jaraguá do Sul, Lacerdópolis, Laurentino, Lindóia Do Sul, Morro Grande, Nova Veneza, Rio do Sul, Rodeio, Rio Do Oeste, Salto Veloso, São Joaquim, Siderópolis, Taió, Urussanga), presenting, through speeches and photos, peculiarities concerning the object of the study. With the implementation of LDB and the signing of agreements between Brazil and Italy after war, the immigration languages, prohibited before, could be taught again in Brazilian schools, including Italian, which is not the same language of ascendancy, but the standard language. Nowadays in Santa Catarina, children are going back to the classroom to learn Italian, which now is not a prohibit language, but it is no longer recognized by nonnos and nonnas anymore. However, the speeches of the interviewed teachers revealed evidence of resentment as a consequence of the prohibition that their descendants were submitted, being unable to express themselves in Italian or teaching their native language to their14children and grandchildren due to political issues. On the other hand, it was clear that the interviewed teachers were proud of their Italian origin. |
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Hoje os descendentes de imigrantes italianos, dado o contexto de democracia representativa e a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ? LDB (Lei 9.394), pelo seu artigo 26, têm possibilidade de estudar a língua italiana em escolas públicas de Santa Catarina, bem como, de expressar-se livremente em italiano e de promover e manter a dita ?italianidade? nos municípios cujos eventos culturais geram turismo e movimentam a economia local. Perscrutou-se os acontecimentos mundiais, nacionais e locais na questão da língua, direitos linguísticos, e multiculturalismo, para fins de revisão, bem como, foram realizadas 24 entrevistas com professores(as) que ministram o ensino da língua italiana nas 48 escolas públicas de diferentes municípios (Ascurra, Arroio Trinta, Concórdia, Iomerê, Jaborá, Jaraguá do Sul, Lacerdópolis, Laurentino, Lindóia Do Sul, Morro Grande, Nova Veneza, Rio do Sul, Rodeio, Rio Do Oeste, Salto Veloso, São Joaquim, Siderópolis, Taió, Urussanga), apresentando, através de falas e fotografias, peculiaridades concernentes ao objeto de estudo. Com a implantação da LDB e com a assinatura de acordos firmados entre Brasil e Itália do pós-guerra, uma das línguas denominada de imigração, antes proibida, pode ser novamente ensinada nas escolas brasileiras, que, contudo, não é mais a mesma língua de ascendência, mas sim a língua standard. As crianças catarinenses agora voltam às salas de aulas para aprender a língua italiana, não mais a considerada língua proibida, mas a que os nonnose os nonnas não reconhecem mais. Entretanto, pelas falas dos professores(as) entrevistados(as), encontraram-se indícios de ressentimento advindos da proibição a que eram submetidos seus ascendentes, por questões12políticas, de se expressar em italiano e de ensinar aos seus filhos e netos a língua materna. Por outro lado, o sentimento que os entrevistados deixaram transparecer desveladamente é o orgulho de se sentirem pertencentes à origem italiana.<br> Abstract : In the period of Estado Novo (1937-1945), Santa Catarina suffered strong influence of the nationalization policy spread by the president Getúlio Vargas, reaching, by education, mainly immigrants of Italian and German origin, and their descents who still used their mother language in the personal communication and in the literacy of children. 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LDB (Law 9.394), according to the article 26, have the possibility of studying the Italian language in public schools of Santa Catarina, as well as expressing themselves freely in Italian, promoting and maintaining their culture in cities in which cultural events promote the tourism and boost the local economy. Research were done in world, national and local events in the subject of language, language rights and multiculturism, for purposes of revision, as 24 interviews were conducted with professors who teach Italian in 48 public schools of different cities (Ascurra, ArroioTrinta, Concórdia, Iomerê, Jaborá, Jaraguá do Sul, Lacerdópolis, Laurentino, Lindóia Do Sul, Morro Grande, Nova Veneza, Rio do Sul, Rodeio, Rio Do Oeste, Salto Veloso, São Joaquim, Siderópolis, Taió, Urussanga), presenting, through speeches and photos, peculiarities concerning the object of the study. 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