Summary: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Florianópolis, 2009 === Made available in DSpace on 2012-10-24T19:39:40Z (GMT). No. of bitstreams: 0 === As comunidades quilombolas encontram-se distribuídas em todo o Brasil. São consideradas comunidades negras rurais compostas por descendentes de africanos escravizados que no Vale do Ribeira, uma das regiões mais pobres do estado de São Paulo, vivem da agricultura de subsistência, coleta de recursos florestais e principalmente exploração de palmito Juçara (Euterpe edulis Martius) para complemento da renda familiar. A palmeira Juçara possui importante papel ecológico e econômico para estas as comunidades quilombolas. Seus frutos, além de alimentar diversas espécies de animais, podem apresentar-se como uma alternativa econômica para comunidades de baixa renda. O objetivo geral dessa dissertação foi investigar aspectos etnobotânicos e etnoecológicos da palmeira Juçara, abordar algumas práticas de manejo das populações para a produção de frutos, caracterizar as áreas manejadas de E. edulis em quintais e avaliar a produção de frutos e polpa, em comunidades quilombolas do Vale do Ribeira-SP. A investigação etnobotânica e etnoecológica se deu através de entrevistas semi-estruturadas realizadas com 25 pessoas, consideradas informantes-chaves por já terem explorado o palmito nas florestas regionais ou por possuírem Juçaras em seus quintais. A avaliação da produção de frutos e polpa foi realizada em áreas manejadas de três quintais das comunidades de Sapatu e Ivaporunduva onde foram alocadas parcelas para a caracterização das populações e onde foi realizada a coleta de frutos. A polpa obtida foi processada e analisada em teor de peso seco e havendo também a estimativa do ganho econômico possível de ser obtido nas áreas manejadas. As comunidades quilombolas do Vale do Ribeira demonstraram um detalhado conhecimento sobre E. edulis. e suas relações interespecíficas, fenologia de floração e frutificação, outras características ecológicas da palmeira na floresta e principalmente em relação a biodiversidade animal associada à espécie. No total foram citados 57 animais consumidores de partes reprodutivas e vegetativas da palmeira onde incluem-se aves, mamíferos, reptéis, gastrópodes e insetos. Na oficina realizada no quilombo de Ivaporunduva foi possível chegar à identificação de 40 espécies de aves e mamíferos com nomenclatura cientifica. A partir do conhecimento ecológico local quilombola foram abordadas algumas práticas de manejo das populações e de frutos de E. edulis que poderão contribuir muito na discussão e na proposição de técnicas de manejo sustentável visando a formulação de políticas públicas para a espécie. O levantamento etnoecológico e a etnobotânico neste trabalho foram ferramentas muito eficientes no levantamento do conhecimento ecológico local e na proposição participativa de alternativas de práticas de manejo para o E. edulis. As áreas manejadas de E. edulis funcionam na prática como áreas de conservação in situ, que estão passando por um processo de domesticação e podem ser categorizadas como paisagens manejadas. A avaliação da produção de frutos nestas áreas foi de 2,6 de infrutescências por planta, 4,45Kg de frutos por infrutescência, e 3,4 litros de polpa por infrutescência produção média de frutos por parcela 219Kg/300m². A partir dos resultados da quantidade média de polpa produzida foi possível estimar o ganho econômico de R$ 413/ano/ 300m² ou ainda R$ 13,76 por ano para os produtores que possuem área de 1 hectare. Assim as áreas manejadas dos quintais quilombolas podem ser realmente vistas como unidades produtivas de manejo de E. edulis com grande potencial de produção de frutos e de geração de renda a ser explorado no Vale do Ribeira.
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