Summary: | A reabilitação psicossocial, no contexto da Reforma Psiquiátrica, centrou o cuidado na pessoa com diagnóstico de transtorno mental considerando a sua experiência com o sofrimento, a partir de ações coletivas e intersetoriais, rompendo com a lógica hegemônica do cuidado centrado na doença, e, a terapia ocupacional, apoiou este rompimento, pois, suas ações voltadas para o cotidiano na busca da inserção social e autonomia, faz uma forte relação com esta mudança. O objetivo geral do presente estudo foi verificar como a terapia ocupacional contribui para a reabilitação psicossocial de pessoas com diagnóstico de transtorno mental usuárias de Centros de Atenção Psicossocial. Os objetivos específicos foram identificar as estratégias de cuidado utilizadas pelos terapeutas ocupacionais junto a essas pessoas, avaliar suas habilidades de vida independente e o seu funcionamento ocupacional, e, relacionar as estratégias de cuidado, com as habilidades de vida independente e o funcionamento ocupacional. Para isso, optou-se pelo método misto, por meio da estratégia de triangulação concomitante. A pesquisa foi desenvolvida em três Centros de Atenção Psicossocial de três cidades do interior do estado de São Paulo, com a participação de 5 terapeutas ocupacionais, 47 usuários e seus respectivos familiares e/ou responsáveis. Os terapeutas ocupacionais responderam a uma entrevista. Os usuários responderam um questionário sociodemográfico, a Autoavaliação do Funcionamento Ocupacional e foram também entrevistados. Os familiares e/ou responsáveis pelos usuários, responderam ao Inventário de Habilidades de Vida Independente para Pacientes Psiquiátricos. As entrevistas foram gravadas, transcritas, sintetizadas, e, os conteúdos, organizados em categorias conforme analogias e características comuns e analisados a luz do método qualitativo descritivo. Os dados obtidos através dos instrumentos foram organizados na forma de um banco de dados criado para este fim no software SPSS 16.0 e analisados a luz da estatística descritiva. Os resultados mostraram que as estratégias de cuidado utilizadas pelos terapeutas ocupacionais são comuns a outros núcleos profissionais, seguindo a premissa da integralidade, singularidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade, e, os usuários, apresentaram um bom nível de habilidades de vida independente e bom funcionamento ocupacional, embora tenham apresentado dificuldade em alguns aspectos, como realizações no trabalho, no lar e no cotidiano, incapacidade física e falta de objetivos para o futuro, entre outros, necessitando assim de assistência focada nesses aspectos. Relataram contribuições da terapia ocupacional nas atividades diárias, destacando auxílio nas atividades cotidianas e possibilidade de inserção social pelo trabalho e no tratamento. Os terapeutas ocupacionais apontaram que suas estratégias contribuem para a compreensão e ampliação do cotidiano dos usuários, transpondo o espaço físico do serviço. Desta forma, pode-se considerar que a terapia ocupacional contribui para a produção de cuidado em saúde mental, tanto para as habilidades de vida independente, quanto para o funcionamento ocupacional, tópicos importantes na busca da reabilitação psicossocial
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Psychosocial rehabilitation, in the context of the Psychiatric Reform, has centered care into people diagnosed with mental disorder, using collective and intersectoral actions, considering their experience of suffering, thus breaking with the hegemonic logic of disease-focused care. Occupational therapy has supported this break, as its actions targeting the daily life to achieve social inclusion and autonomy, are strongly related to this change. This study aimed to determine how occupational therapy contributes to the psychosocial rehabilitation of people with diagnosis of mental disorder, users of Mental Health Services. The specific objectives were to identify the care strategies used by occupational therapists with these people, evaluate their independent living skills and their occupational functioning, and relate the care strategies with the independent living skills and the occupational functioning. Mixed methods approach was used, through the concurrent triangulation strategy. The research was conducted in three Mental Health Services in three cities in the interior of the São Paulo state, with participation of five occupational therapists, 47 users and their family members and/or guardians. Occupational therapists were interviewed. Users answered a sociodemographic questionnaire, the Self-Assessment of Occupational Functioning and were also interviewed. Users\" family members and/or guardians responded to the Independent Living Skills for Psychiatric Patients instrument. Interviews were recorded, transcribed and synthesized. The content was organized into categories according to analogies and common characteristics and analyzed using descriptive qualitative method. The data obtained through the instruments were organized in a database created for this purpose in SPSS 16.0 software and analyzed using descriptive statistics. Results showed that the care strategies used by occupational therapists are common to other professional groups, following the premise of comprehensiveness, uniqueness, interdisciplinary and intersectoral approach. Users showed a good level of independent living skills and good occupational functioning, although they had difficulties in some respects, as achievements at work, at home and in everyday life, physical disability and lack of goals for the future, among others, thus requiring assistance focused on these aspects. They reported contributions of occupational therapy in daily activities, highlighting benefit in daily activities and possibility of social insertion through the work and treatment. Occupational therapists indicated that their strategies contribute to the understanding and expansion of users\" daily lives, transposing the physical space of the health service. Thus, it can be considered that occupational therapy contributes to the production of care in mental health, both for independent living skills and for the occupational functioning, important topics in the search of psychosocial rehabilitation
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