Estudo da influência do relacionamento entre a égua e o potro no comportamento social e no temperamento de potros da raça Mangalarga Marchador

O trabalho teve como objetivo compreender o relacionamento entre a égua e o potro e a influência deste sobre o comportamento social e temperamento do potro, a partir do décimo primeiro dia de vida até após o processo de desmama do potro. Oito díades de éguas e potros da raça Mangalarga Marchador...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Raquel Ferrari Calviello
Other Authors: Cristiane Gonçalves Titto
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2016
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74131/tde-22062016-091208/
Description
Summary:O trabalho teve como objetivo compreender o relacionamento entre a égua e o potro e a influência deste sobre o comportamento social e temperamento do potro, a partir do décimo primeiro dia de vida até após o processo de desmama do potro. Oito díades de éguas e potros da raça Mangalarga Marchador provenientes de um criatório situado na cidade de Amparo/SP foram avaliadas durante três etapas distintas. A primeira foi realizada para caracterizar o comportamento social do grupo de equinos e o relacionamento entre égua e potro durante os três períodos de desenvolvimento do potro (dependência, socialização e independência). Nessa etapa foram registradas: as interações agonísticas das éguas; episódios de mamada dos potros (tentativas e mamadas) e para o par égua e potro foram anotados os comportamentos afiliativos e a relação espacial. Ao final dessa etapa os potros foram classificados em dependentes e independentes e as éguas foram divididas de acordo com sua hierarquia. A segunda etapa constitui-se da avaliação das atividades e relação espacial dos potros durante o processo de desmama, para a caracterização do estresse dos potros. Na terceira etapa a relação social dos potros foi observada na ausência de suas mães, através do registro das interações e da relação espacial dos potros. Durante as três etapas foram aplicados quatro testes de avaliação dos aspectos do temperamento dos animais: teste de reatividade durante o manejo de escovação para a avaliação da reatividade ao manejo; teste de arena para avaliar a emotividade ao isolamento; teste de reatividade perante humano desconhecido e ativo para avaliar a reatividade ao humano; e teste da presença de estímulo sonoro desconhecido para avaliação da emotividade ao estímulo desconhecido. A hierarquia e a experiência da mãe interferiam no cuidado materno de aleitamento (P<0,05), entretanto, não influenciaram o cuidado de proteção (P>0,05). A frequência de permanência dos potros com sua mãe na distância de até 1 metro diminuiu ao longo dos períodos (P<0,05). As éguas não modificaram a frequência dos comportamentos afiliativos com seus potros ao longo dos períodos (P>0,05). As maiores frequências de comportamentos afiliativos dos potros com suas mães foram durante os períodos iniciais do desenvolvimento do potro (dependência e socialização, P<0,05). Potros dependentes apresentaram maior frequência e menor duração das mamadas quando comparado à frequência e duração dos potros independentes (P<0,05). A reatividade ao manejo e a emotividade ao isolamento dos potros foram maiores nos períodos da dependência, da socialização e durante a desmama (P<0,05). A reatividade ao humano e emotividade ao desconhecido apresentaram a tendência de diminuir ao longo dos períodos observados (P<0,05). Os potros dependentes apresentaram maior emotividade ao desconhecido e ao isolamento (P<0,05), além de maior estresse durante a desmama, quando comparado aos potros independentes. Todos os potros normalizaram suas atividades no decorrer do processo da desmama. Na ausência das mães os potros independentes foram os que iniciaram a maioria das interações entre os animais (P<0,05). O relacionamento entre a égua e o potro foi modificado devido às características maternas de hierarquia e experiência, além do nível de independência do potro e do seu temperamento. === The study aimed to understand the relationship between the mare and the foal and the influence of this on the social behavior and foal\'s temperament from the eleventh day of life until after the foal weaning process. Eight dyads of mares and foals Mangalarga Marchador from a farm situated in the city of Amparo/Brazil were evaluated during three different stages. The first stage was performed to characterize the social behavior of horses group and the relationship between mare and foal during the three foal developmental periods (dependency, socialization and independence). At the first stage the aggressive interactions of the mares were registered; episodes of sucking of foals (attempt and bout of sucking); and the pair mare and foal were noted the affiliative behaviors and spatial relationship. At the end of this stage the foals were classified as dependent and independent and mares were divided according to their hierarchy. In the second step we evaluated the activities and spatial relationship of foals during the weaning process, to characterize the stress of foals during this process. In the third stage the social relationship of foals was observed in the absence of their mothers, through the recording of interactions and the spatial relationship of the foals. During the three stages were applied four tests for assessing aspects of animal temper: reactivity test during brushing for evaluation of reactivity handling; arena test to evaluate the emotionality isolation; human reactivity test unknown and active to assess the reactivity to human; and test for the presence of unknown sound stimulus to evaluate the emotionality of the unknown stimulus. The hierarchy and the mother\'s experience interferes with maternal care of lactation (P<0.05), but did not influence the protective care (P>0.05). The frequency of stay of foals with mother at a distance of up to 1 meter decreased over the period (P<0.05). The mares do not change the frequency of affiliative behaviors with their foals (P>0.05). The highest frequency of affiliative behaviors foals with their mothers were during the early periods foal development (dependency and socialization; P<0.05). The dependent foals presented a higher frequency and shorter duration of sucking bouts when compared to the frequency and duration of foals independent (P<0.05). The reactivity handling and emotionality isolation of foals were higher in dependency periods, socialization and during weaning (P<0.05). The reactivity of human and emotionality of the unknown showed a tendency to decrease over the observed periods (P<0.05). The dependent foals showed larger emotionality to the unknown and isolation (P<0.05). The dependent foals showed greater emotionality to the unknown and isolation (P<0.05) as well as increased stress during weaning when compared to independent foals. All foals normalized its activities during the weaning process. After separation independent foals were those who started most interactions between animals (P<0.05). The relationship between the mare and the foal was modified due to maternal characteristics hierarchy and experience, beyond the temperament of foal and independence level of the foal.