Fichte e o primado da prática

Trata-se de compreender como se articula um sistema de filosofia que, emerso da Crítica kantiana, não pode nem fazer apelo aos objetos da metafísica especial, nem pressupor qualquer positividade, como a lógica e a coisa em si, constituindo-se, pois, como uma doutrina-da-ciência. Ao nosso ver, es...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Francisco Augusto de Moraes Prata Gaspar
Other Authors: Carlos Alberto Ribeiro de Moura
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2009
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-24112009-161815/
Description
Summary:Trata-se de compreender como se articula um sistema de filosofia que, emerso da Crítica kantiana, não pode nem fazer apelo aos objetos da metafísica especial, nem pressupor qualquer positividade, como a lógica e a coisa em si, constituindo-se, pois, como uma doutrina-da-ciência. Ao nosso ver, essa articulação tem seu núcleo central em um primado da prática: a Fundação da Ciência do Prático, terceira parte da Fundação de toda a Doutrina-da-Ciência, tem seu lugar no sistema ao solucionar as contradições e limites que o saber teórico deixou e que, como mera teoria, é incapaz de dar conta , mostrando que é apenas a partir do primado da faculdade prática, fundada na exigência do eu absoluto de realizar a infinitude e na lei do eu de refletir sobre si mesmo como realizando tal idéia, que se funda o sistema do saber humano e, portanto, a representação. Parece-nos que este momento da exposição da doutrina-daciência de 1794 permite a descrição do idealismo transcendental de Fichte como um idealismo crítico, herdeiro da filosofia kantiana. === Our aim is to understand how Fichte´s system of philophy is articulated, provided that it, coming from Kant´s Critic, cannot make appeal either to the objects of special metaphysics or pressuposes any positivity like logics or the thing in itself and therefore arrives at a Doctrine of Science (Wissenschaftslehre). In our interpretation, this articulation is centered on the primacy of practice: the \"Foundation of the Science of Practice\", third part of the Foundation of the Entire Doctrine of Science, fits in the system as it solves the contradictions and limits of the theoretical knowledge by showing that only the primacy of the practical faculty, grounded in the necessity of the realization of infinity by the absolute I and in the law of self-reflection as the realization of this idea, can found the system of human knowledge and hence the representation. It seems that this moment of the exposition of 1794´s Doctrine of Science allows the description of Fichte´s transcendental idealism as a critic idealism, heir of kantian philosophy.