Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina

Falhas zootécnicas na aqüicultura podem favorecer a eutrofização da água e a floração de cianobactérias, dentre as quais a Microcystis aeruginosa, responsável pela produção de microcistinas (MCs). O efeito citotóxico da microcistina (MC) tem sido descrito no fígado de diversos animais. A MC inibe as...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ana Paula Millet Evangelista dos Santos
Other Authors: Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro Bracarense .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. 2007
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000124351
id ndltd-IBICT-oai-uel.br-vtls000124351
record_format oai_dc
collection NDLTD
language Portuguese
sources NDLTD
description Falhas zootécnicas na aqüicultura podem favorecer a eutrofização da água e a floração de cianobactérias, dentre as quais a Microcystis aeruginosa, responsável pela produção de microcistinas (MCs). O efeito citotóxico da microcistina (MC) tem sido descrito no fígado de diversos animais. A MC inibe as proteínas fosfatases 1 e 2A, o que acarreta a destruição do citoesqueleto celular, o descontrole na divisão celular e promoção tumoral. A presença da MC na cadeia alimentar e em fontes de água destinadas ao consumo representa risco à saúde humana e animal, podendo muitas vezes levar à morte. O objetivo deste trabalho foi avaliar os achados histológicos empregando-se as colorações hematoxilina e eosina, Mallory e o ácido periódico de Shiff no fígado de tilápias expostas ao extrato celular de Microcystis aeruginosa da linhagem BCCUSP 262 por imersão e por inoculação intraperitoneal (ip), contendo várias concentrações de MCs. Objetivou-se também avaliar a proliferação dos hepatócitos desses animais, pelos métodos histoquímico (AgNOR) e imunoistoquímico (PCNA). Tilápias foram expostas, durante 72 horas, por imersão em água contendo 30,1, 60,2 e 150,5 μg/L de 7-desmetil MC-LR e 0,25, 0,5 e 1,25 μg/L de MC-LW e inoculadas ip em dose única com 0,602, 1,204 e 3,01µg/Kg de 7-desmetil MC-LR e 0,005, 0,01 e 0,025 µg de MC-LW/Kg de peixe vivo e avaliadas após 72 horas. Outro grupo de tilápias foi também exposto por inoculação ip em dose única com 2,845 x 10-4 µg MC-LR, 1,131 x 10-4 µg MC-LW e 1,707 x 10-4 µg MC-LF/Kg de peixe vivo e avaliadas após 15 dias. A análise histológica revelou megalocitose nos animais inoculados ip com a Microcystis BCCUSP 262 e necrose mais intensa também nestes animais. Figuras sugestivas de apoptose foram observadas nos animais imersos na maior concentração desse extrato, bem como nos inoculados ip (exceto com maior dose). A depleção de glicogênio hepático variou de moderada à intensa nos animais expostos à BCCUSP 262. Em alguns dos animais inoculados ip com este extrato e avaliados após 15 dias, a coloração histológica de Mallory confirmou a hipertrofia da parede de artéria hepática, evidenciada pela hematoxilina e eosina. Não houve diferença significativa na área e perímetro nuclear dos hepatócitos mensurados pelo AgNOR, entre os peixes controles e os expostos à BCCUSP 262, mas nestes houve uma tendência ao aumento no número de nucléolos e de pequenas AgNORs, distribuídas principalmente perifericamente na região nuclear. A marcação IHQ-PCNA nos animais expostos à BCCUSP 262 foi discreta e multi-focal nos grupos imersos e discreta e focal nos inoculados ip (72 horas) e foi moderada e multi-focal nos animais avaliados após 15 dias da inoculação ip. Não houve lesão e marcação imunoistoquímica nos fragmentos hepáticos do grupo controle. Os resultados do presente estudo demonstraram alterações histológicas e aumento na proliferação de hepatócitos de tilápias expostas à Microcystis aeruginosa da linhagem BCCUSP 262. === Incorrect management in fisheries could induce water eutrophication, leaving to cianobacteria bloom. The occurrence of these blooms induces a severe problem, as Microcystis aeruginosa, the most widespread distributed cyanobacteria, can produce microcystins (MC). Toxic effects of MC have been described in liver. Microcystin is taken up specifically into the liver by bile acid transporters and, after entering the cytoplasm, inhibit protein phosphatases 1 and 2A, which leads to the increase in protein phosphorylation. This reaction has two main consequences: the destruction of cytoskeleton directly causing cytotoxic effects, and deregulation of cell division, leading to tumor-promoting activity. It has been also documented that MC hepatotoxicity is closely associated with intracellular reactive oxygen species formation. The persistence of MC in freshwater food chain or water sources is therefore a hazard to human and animal health, leading to death many times. The aim of this study is to evaluate histological findings and cell proliferation in the liver of tilapias exposed to Microcystis aeruginosa (BCCUSP 262) cell extracts containing various concentrations of microcystins for 72 h or 15 days. Tilapias exposed for 72 h were immersed in water containing 30.1, 60.2 and 150 μg/L of MC-LR and 0.25, 0.5 and 1.25 μg/L of MC-LW or inoculated intraperitoneally (ip) with 0.6, 1.2 and 3.01 μg/Kg body weight of MC-LR and 0.005, 0.01 and 0.025 μg/Kg body weight of MC-LW. Tilapias exposed for 15 days were inoculated ip with 2.84 x10-4μg MC-LR, 1.13 x10-4μg MC-LW and 1.71 x10-4μg MC-LF/Kg body weight. Histological analysis revealed figures suggestive of apoptosis, necrosis, megalocytosis, and glycogen depletion of hepatocytes, mainly in intraperitoneally inoculated fish. AgNOR morphometry showed no significant difference in exposed and control fish, although exposed fish showed more nucleolus and small AgNORs distributed in the nucleus periphery. Liver immunohistochemistry with PCNA stained positive in exposed fish. No lesions or immunohistochemical staining were observed in control group. Results of the present study indicated that tilapias exposed by immersion or intraperitoneally with different doses of cell extracts of Microcystis aeruginosa (BCCUSP 262) showed histological lesions and an increase in hepatocyte proliferation.
author2 Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro Bracarense .
author_facet Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro Bracarense .
Ana Paula Millet Evangelista dos Santos
author Ana Paula Millet Evangelista dos Santos
spellingShingle Ana Paula Millet Evangelista dos Santos
Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina
author_sort Ana Paula Millet Evangelista dos Santos
title Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina
title_short Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina
title_full Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina
title_fullStr Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina
title_full_unstemmed Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina
title_sort hepatotoxicidade em tilápia do nilo (oreochromis niloticus) associada ä microcistina
publisher Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal.
publishDate 2007
url http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000124351
work_keys_str_mv AT anapaulamilletevangelistadossantos hepatotoxicidadeemtilapiadonilooreochromisniloticusassociadaamicrocistina
_version_ 1718828433100767232
spelling ndltd-IBICT-oai-uel.br-vtls0001243512019-01-21T16:43:07Z Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina Ana Paula Millet Evangelista dos Santos Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro Bracarense . Antônio Carlos Faria dos Reis Cláudia Martinez Bueno Daisy Pontes Netto Elisa Yoko Hirooka Falhas zootécnicas na aqüicultura podem favorecer a eutrofização da água e a floração de cianobactérias, dentre as quais a Microcystis aeruginosa, responsável pela produção de microcistinas (MCs). O efeito citotóxico da microcistina (MC) tem sido descrito no fígado de diversos animais. A MC inibe as proteínas fosfatases 1 e 2A, o que acarreta a destruição do citoesqueleto celular, o descontrole na divisão celular e promoção tumoral. A presença da MC na cadeia alimentar e em fontes de água destinadas ao consumo representa risco à saúde humana e animal, podendo muitas vezes levar à morte. O objetivo deste trabalho foi avaliar os achados histológicos empregando-se as colorações hematoxilina e eosina, Mallory e o ácido periódico de Shiff no fígado de tilápias expostas ao extrato celular de Microcystis aeruginosa da linhagem BCCUSP 262 por imersão e por inoculação intraperitoneal (ip), contendo várias concentrações de MCs. Objetivou-se também avaliar a proliferação dos hepatócitos desses animais, pelos métodos histoquímico (AgNOR) e imunoistoquímico (PCNA). Tilápias foram expostas, durante 72 horas, por imersão em água contendo 30,1, 60,2 e 150,5 μg/L de 7-desmetil MC-LR e 0,25, 0,5 e 1,25 μg/L de MC-LW e inoculadas ip em dose única com 0,602, 1,204 e 3,01µg/Kg de 7-desmetil MC-LR e 0,005, 0,01 e 0,025 µg de MC-LW/Kg de peixe vivo e avaliadas após 72 horas. Outro grupo de tilápias foi também exposto por inoculação ip em dose única com 2,845 x 10-4 µg MC-LR, 1,131 x 10-4 µg MC-LW e 1,707 x 10-4 µg MC-LF/Kg de peixe vivo e avaliadas após 15 dias. A análise histológica revelou megalocitose nos animais inoculados ip com a Microcystis BCCUSP 262 e necrose mais intensa também nestes animais. Figuras sugestivas de apoptose foram observadas nos animais imersos na maior concentração desse extrato, bem como nos inoculados ip (exceto com maior dose). A depleção de glicogênio hepático variou de moderada à intensa nos animais expostos à BCCUSP 262. Em alguns dos animais inoculados ip com este extrato e avaliados após 15 dias, a coloração histológica de Mallory confirmou a hipertrofia da parede de artéria hepática, evidenciada pela hematoxilina e eosina. Não houve diferença significativa na área e perímetro nuclear dos hepatócitos mensurados pelo AgNOR, entre os peixes controles e os expostos à BCCUSP 262, mas nestes houve uma tendência ao aumento no número de nucléolos e de pequenas AgNORs, distribuídas principalmente perifericamente na região nuclear. A marcação IHQ-PCNA nos animais expostos à BCCUSP 262 foi discreta e multi-focal nos grupos imersos e discreta e focal nos inoculados ip (72 horas) e foi moderada e multi-focal nos animais avaliados após 15 dias da inoculação ip. Não houve lesão e marcação imunoistoquímica nos fragmentos hepáticos do grupo controle. Os resultados do presente estudo demonstraram alterações histológicas e aumento na proliferação de hepatócitos de tilápias expostas à Microcystis aeruginosa da linhagem BCCUSP 262. Incorrect management in fisheries could induce water eutrophication, leaving to cianobacteria bloom. The occurrence of these blooms induces a severe problem, as Microcystis aeruginosa, the most widespread distributed cyanobacteria, can produce microcystins (MC). Toxic effects of MC have been described in liver. Microcystin is taken up specifically into the liver by bile acid transporters and, after entering the cytoplasm, inhibit protein phosphatases 1 and 2A, which leads to the increase in protein phosphorylation. This reaction has two main consequences: the destruction of cytoskeleton directly causing cytotoxic effects, and deregulation of cell division, leading to tumor-promoting activity. It has been also documented that MC hepatotoxicity is closely associated with intracellular reactive oxygen species formation. The persistence of MC in freshwater food chain or water sources is therefore a hazard to human and animal health, leading to death many times. The aim of this study is to evaluate histological findings and cell proliferation in the liver of tilapias exposed to Microcystis aeruginosa (BCCUSP 262) cell extracts containing various concentrations of microcystins for 72 h or 15 days. Tilapias exposed for 72 h were immersed in water containing 30.1, 60.2 and 150 μg/L of MC-LR and 0.25, 0.5 and 1.25 μg/L of MC-LW or inoculated intraperitoneally (ip) with 0.6, 1.2 and 3.01 μg/Kg body weight of MC-LR and 0.005, 0.01 and 0.025 μg/Kg body weight of MC-LW. Tilapias exposed for 15 days were inoculated ip with 2.84 x10-4μg MC-LR, 1.13 x10-4μg MC-LW and 1.71 x10-4μg MC-LF/Kg body weight. Histological analysis revealed figures suggestive of apoptosis, necrosis, megalocytosis, and glycogen depletion of hepatocytes, mainly in intraperitoneally inoculated fish. AgNOR morphometry showed no significant difference in exposed and control fish, although exposed fish showed more nucleolus and small AgNORs distributed in the nucleus periphery. Liver immunohistochemistry with PCNA stained positive in exposed fish. No lesions or immunohistochemical staining were observed in control group. Results of the present study indicated that tilapias exposed by immersion or intraperitoneally with different doses of cell extracts of Microcystis aeruginosa (BCCUSP 262) showed histological lesions and an increase in hepatocyte proliferation. 2007-06-28 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000124351 por info:eu-repo/semantics/openAccess Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. URL BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL instname:Universidade Estadual de Londrina instacron:UEL