Escuta / escritura : entre olho e ouvido a composição

Esse trabalho busca desvelar alguns aspectos da complexa relação entre escuta e escritura, no processo de composição. O compositor lida com esses dois pólos, ajustando a imaginação sonora à sua representação escrita. Mas não se trata apenas de representar, de codificar, pois a representação envolve...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Barbosa, Rogério Vasconcelos
Other Authors: Cunha, Antônio Carlos Borges
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2008
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/14379
Description
Summary:Esse trabalho busca desvelar alguns aspectos da complexa relação entre escuta e escritura, no processo de composição. O compositor lida com esses dois pólos, ajustando a imaginação sonora à sua representação escrita. Mas não se trata apenas de representar, de codificar, pois a representação envolve de tal modo a imaginação, que direciona seus percursos e delineia seus limites. Todavia, a sensação sonora pode conduzir a imaginação musical a regiões que requerem novas formas de representação, ainda não codificadas. Há um constante jogo de forças entre escuta e escritura. Esse conflito exige ajustes periódicos nas categorias culturais utilizadas para mediar os dois pólos. Após uma investigação teórica sobre as condições em que se estabelecem a escuta e a escritura, proponho um conjunto de categorias que considero úteis na organização de um pensamento composicional contemporâneo: mapa temporal, tipos texturais, gesto e envelope. Em seguida ao estudo do quadro de categorias, analiso duas peças minhas - iri (2004), para piano solo e oscuro lume (2006/2007), para orquestra - incluídas no portfolio de composições que integra meu trabalho de doutorado. A análise confirma a pertinência das categorias propostas e busca a organização da composição entre os pólos da escuta e da escritura, considerando os traços formais de organização em sua emergência e ambigüidade. === This work is an attempt to unveil some aspects of the complex relation between hearing and writing in the process of composition. The composer deals with both poles, adjusting sound imagination to its written representation. This implies not only representing or codifying, but it also involves imagination to such level that it serves as a guide throughout the path and outlines its boundaries. However, the hearing sensation may lead the musical imagination to realms that require new forms of representation, not yet codified. There is a permanent exercise of power between hearing and writing. Such conflict demands periodical adjustments in the cultural categories used for mediating both poles. After a theoretical investigation of the conditions under which the hearing and the writing are established, I propose a set of categories that I consider very useful in the organization of a contemporary way of compositional thinking: temporal map; textural types; gesture and envelope. Following the study of the categories, I analyzed two of my compositions - iri (2004), for piano solo, and oscuro lume (2006/2007), for orchestra - which have been included in the portfolio of compositions that are part of my doctorate research. The analysis has confirmed the pertinence of the proposed categories and searches the organization of the composition between the poles of hearing and writing, taking into consideration the formal features within its emergence and ambiguity.