Summary: | Nesse trabalho realizamos uma pesquisa teórica e empírica com o intuito de aprofundar as possíveis relações sobre a democracia em ambientes de trabalho associativo, mais especificamente no âmbito da economia solidária. Através de uma pesquisa bibliográfica, buscamos investigar as raízes da defesa da democracia no local de trabalho. Verificamos uma diversidade de debates sobre o caráter anti-sistêmico do associativismo que ocorre desde o século XIX e que foram renovados com o surgimento da economia solidária. Enquanto para um segmento da literatura acadêmica os empreendimentos de economia solidária (EES) contrariam a empresa capitalista, o outro lado verifica a impossibilidade dos sócios promoverem a democracia em suas tomadas de decisões. Negando esse binarismo, procuramos identificar nas práticas de gestão dos EES as principais variáveis para que se estabeleçam formas de democracia fraca, média ou forte. Tal empreitada foi feita por meio de análises quantitativas, com os dados do Sistema Nacional de Informação em Economia Solidária (SIES), e qualitativas, através de entrevistas semi-estruturadas com trabalhadores de nove empreendimentos da cidade de São Leopoldo (RS). Do total dos EES pesquisados, encontramos cinco empreendimentos com práticas democráticas fracas, enquanto outros quatro desenvolvem práticas de democracia média e forte, o que nos leva a concluir que os EES praticam formas híbridas de democracia, com uma tendência fraca à representatividade. Também verificamos que as lideranças, o tempo, a eficiência econômica e o tamanho são as principais variáveis que influem na caracterização democrática de um empreendimento. === In this work we realize a theoretical and empirical research in order to deepen the possible relations about the democracy in associative workplaces, more specifically on the scope of the solidary economy. By a literature research, we seek to investigate the roots of democracy in the workplace. We found a diversity of discussions about the disposition anti-systemic of associations that occurs since the nineteenth century and were renewed with the emergence of the Solidary Economy. While for a segment of academic literature the enterprise of solidary economy contradicts the capitalist enterprise, the other side verifies the impossibilities of associates to promote the democracy in their decisions. Against this binary, we seek to identify in the management practices of the EES the main variable for establishing forms of low, medium and strong democracy. This was made by quantitative analysis, with the data of the National Information System on the Solidary Economy, and qualitative, through semistructured interview with workers of nine enterprises in São Leopoldo’s city. Of the total surveyed ESS, we found five enterprises with weak democratic practices, while four other develop practices of democracy with medium and high levels, which lead us to conclude that the EES has hybrid forms of democracy, with a tendency to the representativeness. We also found that the leaderships, the time, the economic efficiency and the size are the main variables that influence in the democratic characterization of an enterprise.
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