Summary: | nÃo hà === Neste trabalho buscamos compreender a epidemia de cÃlera na provÃncia cearense
no perÃodo compreendido entre os anos de 1856 e 1863 e como esta foi vista,
sentida e interpretada pelos sujeitos que viviam no Cearà neste perÃodo.
Observamos, por meio das fontes, o posicionamento de indivÃduos que compunham
os saberes mÃdico, religioso e a administraÃÃo pÃblica provincial. Procuramos
observar e analisar suas aÃÃes diante da doenÃa nesses dois momentos distintos,
pois, ne o cÃlera apresentou-se de formas diversas ao povo cearense. Em 1856 as
autoridades brasileiras assistiam praticamente sem poder algum a aÃÃo devastadora
da epidemia colÃrica que, recÃm chegada da Europa fazia inÃmeras vitimas em
todos os portos por onde passava. No Cearà gerou grande apreensÃo por ter se
incursionado em quase todas as provÃncias vizinhas: Pernambuco, ParaÃba, Piauà e
Bahia, parecia apenas uma questÃo de tempo atà o cÃlera chegar. Mas ele nÃo veio.
Diante de tal realidade um discurso de crenÃa em uma proverbial salubridade reinou
por pouco mais de cinco anos. Em 1862 a peste de novo se avizinhava, mas entÃo,
pouco se fez. Nada indicava que a doenÃa teria espaÃo nas terras cearenses, mas
para a surpresa de muitos, a epidemia veio com forÃa, em menos de meio ano
desarticulou sistemas produtivos, meios de comunicaÃÃo, motivou reordenaÃÃes de
freguesias e do poder na provÃncia cearense. Uma mesma doenÃa, dois momentos,
duas realidades diversas. Temos como ponto central desta tese a compreensÃo da
forma distinta com que a epidemia propagou-se inicialmente, usando nÃo o caminho
costumeiro de litoral-sertÃo, mas sim partindo das estradas de boi em direÃÃo ao
litoral. Temos como principais fontes documentos oficiais como RelatÃrios de
Presidentes de ProvÃncia, Cartas das ComissÃes de Socorros PÃblicos, Documentos
expedidos pela chefia da provÃncia para o ministro marquÃs de Olinda, bem como
fontes hemerogrÃficas (O Cearense, Pedro II, O Commercial e O Araripe) e relatos
de cronistas. Buscamos ao ler estes documentos, focar nas experiÃncias sociais que
foram vividas e nos medos e na espera suscitados pelo cÃlera, de modo a tentar
vislumbrar as representaÃÃes provocados pela ceifa de diversas vidas humanas em
um curto espaÃo de tempo.
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