Summary: | Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e TecnolÃgico === Segundo pesquisa do IMPARH (2006), estima-se que existam entre 6 (seis) e 8 (oito) mil catadores de materiais reciclÃveis nas ruas de Fortaleza. Sujeitos que inscrevem sua existÃncia nas migalhas da margem, vivendo e confundindo-se com rejeitos, expurgos da sociedade do consumo, marcados pelo estigma da superfluidade. Uma verdadeira legiÃo de trabalhadores que garimpam formas de sobrevivÃncia por entre resÃduos e que, a cada dia, redescobrem a cidade, estabelecem relaÃÃes as mais diversas com o meio urbano e vÃrios outros atores sociais com os quais interagem, numa busca contÃnua em rebentar as cadeias mÃrbidas da invisibilidade pÃblica. Num contexto de crise, desemprego estrutural de longa duraÃÃo e reconcentraÃÃo de capital, essas atividades laborais, extremamente degradantes, alastram-se e ganham maior visibilidade em funÃÃo do agravamento da âquestÃo socialâ, pois, embora representem atividades indispensÃveis para a sobrevivÃncia daqueles que as desempenham, por outro lado, cumprem papel significativo no processo de produÃÃo de sobretrabalho, valorizaÃÃo e acumulaÃÃo do capital, mergulhando esses trabalhadores numa situaÃÃo crescente de degradaÃÃo, espoliaÃÃo e misÃria. Desse modo, considero que grande parcela dos sujeitos que integram a cadeia produtiva da reciclagem dormita nos limites da precarizaÃÃo do trabalho, da informalidade e da exploraÃÃo, possuindo pouca margem e possibilidades de reaÃÃo ou ascensÃo social. Pretendo, portanto, apreender as formas de manifestaÃÃo do trabalho de homens e mulheres inseridos na cataÃÃo de resÃduos sÃlidos, e as sociabilidades produzidas no contexto da intensificaÃÃo da precarizaÃÃo do conjunto das condiÃÃes sociais de existÃncia dos trabalhadores do lixo, investigando as formas e condiÃÃes em que se desenvolvem as relaÃÃes de trabalho no interior da cadeia produtiva da reciclagem, considerando, ainda, o processo de trabalho precÃrio da cataÃÃo e as relaÃÃes constituÃdas a partir da comercializaÃÃo dos resÃduos como interfaces objetivas das transformaÃÃes capitalistas ocorridas no mundo do trabalho, nas Ãltimas dÃcadas. === According to IMPARH (2006)Âs research, it is estimated that there are between 6 (six) and 8 (eight) thousand collectors of recyclable materials on the streets of Fortaleza. Individuals who subscribe their existence in the margin crumbs, living and mingling with tailings, purging of the consumer society, marked by the stigma of superfluity. A true legion of workers who pan forms of survival through residuos which, each day, rediscover the city, establish several relations in the urban environment and among other social actors with whom they interact, in a continual quest to break the morbid chains of public invisibility. In a crisis context, long term natural unemployment and capital reconcentration, these labor activities, extremely degrading, spread and gain greater visibility due to the worsening of the "social issue" because, although they represent essential activities to the survival of those who exert them, on the other hand, they play a significant role in the process of labor surplus production, appreciation and accumulation of capital, plunging the workers in a situation of increasing degradation, dispossession and misery. Thus, I consider that a large proportion of the individuals who comprise the productive chain of recycling lay on the verge of precarious employment, informality and exploitation, having little room and opportunities for social mobility or reaction. I intend, therefore, seize the work manifestation forms of men and women working immersed in the scavenging of solid waste, and the sociabilities produced in the context of growing precariousness of all social and living conditions of workers in the trash. Investigating the ways and conditions under which they develop working relations within the productive chain of recycling, considering also the process of precarious work of grooming and relationships built through the marketing of waste as the interfaces with its capitalist transformations occurring in the world of work in recent decades.
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