O Deus de Espinosa: substância una ou múltipla? Um estudo sobre a possibilidade do monismo

Esta pesquisa terá como objetivo compreender a tese do monismo, isto é, a tese de que existe uma única substância cuja unidade é garantida pela compatibilidade entre sua natureza absolutamente infinita e a multiplicidade real dos seus infinitos atributos. Mas o monismo não é aceito por todos os inté...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Marcio Francisco Teixeira de Oliveira
Other Authors: Marcos André Gleizer
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2014
Subjects:
Online Access:http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8444
Description
Summary:Esta pesquisa terá como objetivo compreender a tese do monismo, isto é, a tese de que existe uma única substância cuja unidade é garantida pela compatibilidade entre sua natureza absolutamente infinita e a multiplicidade real dos seus infinitos atributos. Mas o monismo não é aceito por todos os intérpretes como não problemático, o que, se comprovado, levaria o sistema de Espinosa à ruína. No primeiro capítulo, através da crítica de um destes intérpretes, Ferdinand Alquié, será colocado o problema do monismo. De acordo com este intérprete, Espinosa não consegue estabelecer racionalmente a possibilidade da substância absoluta. Veremos que, não conseguindo conceber como os infinitos atributos podem constituir a essência de uma substância que seja única, Alquié conclui que a tese do monismo é incompatível com a estrutura argumentativa do primeiro livro da Ética. Após a exposição do problema do monismo apresentado a partir de Alquié, será realizada uma tentativa de resgatar a coerência interna da obra de Espinosa. Este estudo visará explicitar os conceitos de substância e atributo, procurando acompanhar as duas etapas da construção do monismo ao longo das onze primeiras proposições da Ética, a saber: (1) a prova de que há uma única substância por atributo; (2) a prova de que há uma única substância para todos os atributos. Para avançar na compreensão dos problemas ontológicos envolvidos na construção do monismo, e de como a posição de Espinosa só pode ser compreendida a partir de uma transformação profunda dos conceitos herdados do cartesianismo, a pesquisa privilegiará as interpretações magistrais propostas por Martial Gueroult (Spinoza, I, Dieu; Aubier-Montaigne, Paris, 1968) e Gilles Deleuze (Spinoza et le problème de l'expression; Les Editions de Minuit, Paris, 1968). Estes intérpretes realizam cada um ao seu modo uma genealogia da substância absolutamente infinita e apresentam soluções que permitem pensar a tese do monismo como coerente. Estas soluções serão apresentadas e avaliadas para que se saiba em que medida elas conseguem expor o problema do monismo e solucioná-lo de maneira plausível. === This work has the purpose to comprehend the monisms thesis, i.e. the thesis that only one substance exists which unity is secured by the compatibility between its absolute and infinite nature, and the real multiplicity of its infinite attributes. But the monism is not accepted as not problematic by all the interpreters, which, if confirmed, would lead Spinozas system to ruin. In the first chapter, the monisms problem will be presented through the critic of one of those interpreters, Ferdinand Alquié. According to him, Spinoza cannot establish, rationally, the possibility of the absolute substance. We will see that, Alquié, not being able to conceive how the infinite attributes can constitute the essence of a substance that is unique, concludes that the monisms thesis is incompatible with the argumentative structure of the first book of the Ethic. After the explanation of the monisms problem, presented from Alquié, we will try to recover the internal coherence of Spinozas work. This study aim to make explicit the concepts of substance and attribute, looking to follow the two stages of the monisms construction along the first eleven propositions of the Ethic, that is: (1) the proof that exists one unique substance per attribute; (2) the proof that exists only one substance for all attributes. To advance in the ontological problems involved in the monisms construction, and how Spinozas position can only be comprehended through a profound transformation of the concepts inherited by the cartesianism, the research will favour the masterly interpretations propounded by Martial Gueroult (Spinoza, I, Dieu; Aubier-Montaigne, Paris, 1968) and Gilles Deleuze (Spinoza et le problème de l'expression; Les Editions de Minuit, Paris, 1968). These interpreters carry out each in its own fashion a genealogy of the absolutely infinite substance and present solutions that allow us to think the monism as coherent. Such solutions will be presented and evaluated, aiming to know to what extent they can show the problem of the monism and solve it in a plausible way.