Ações em saúde mental na Atenção Básica em Saúde: manobras de conhecimento e negociação de sentidos

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === O objetivo do estudo foi compreender como as demandas em saúde mental na atenção básica estão sendo identificadas e encaminhadas pelos profissionais envolvidos nas equipes de saúde da família no município do Rio de Janeiro. Especificame...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Elaine Teixeira Rabello
Other Authors: Kenneth Rochel de Camargo Junior
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2014
Subjects:
Online Access:http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=6942
Description
Summary:Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === O objetivo do estudo foi compreender como as demandas em saúde mental na atenção básica estão sendo identificadas e encaminhadas pelos profissionais envolvidos nas equipes de saúde da família no município do Rio de Janeiro. Especificamente, buscamos compreender como estes profissionais, em uma equipe multidisciplinar, agem no cotidiano da atenção considerando a fluidez nos conceitos de bem-estar / mal-estar mental e como eles lidam com sinais e sintomas que não se resumem a quadros fisiológicos, mas estão estreitamente relacionados às questões sociais e territoriais. Em entrevistas em grupo com cinco equipes, identificou-se mecanismos de diagnóstico operados por estes profissionais para negociar o enquadramento da demanda como mental e, então, escolher e oferecer encaminhamento a esta. Foram tomados como referenciais de análise e discussão os conceitos de nominalismo dinâmico e looping effect, de Ian Hacking, e os conceitos de enactment e lógica do cuidado, de Annemarie Mol. Diante das considerações, percebeu-se que as noções sobre saúde mental nesta esfera de atenção vão sendo negociadas a partir da mobilização de conhecimentos não oficiais, porém já circulantes, entre os profissionais da equipe. Os profissionais operam manobras de conhecimento de acordo com o acervo teórico/prático e de experiência pessoal, sempre de alguma forma referendado ou muitas vezes "traduzido" pelo escopo da biomedicina. Consequentemente, as ações engendradas tem como base um padrão classificatório e biomédico, ainda que adaptado às singularidades locais e às formas de cuidado possíveis para cada equipe. Tais dados sinalizam que, mesmo supostamente humanizada, interdisciplinar, territorializada e menos medicalizada, as ações na atenção básica, no que se referem à saúde mental, se balizam pelo paradigma do conhecimento científico biomédico. Este é visto ainda como referência para os profissionais e é necessário para explicar e atuar sobre os diversos tipos de demanda. === The aim of the study was to understand how the mental health demands in primary care attention are being identified and managed by family health team professionals in the city of Rio de Janeiro. Specifically, we were wanted to understand how these professionals, in a multidisciplinary team, act in daily attention considering the fluidity in concepts of mental welfare / mental malaise and how they deal with signs and symptoms that are not limited to physiological frameworks and are also closely related to social and territorial issues. In group interviews with five teams, we identified some diagnostic mechanisms operated by these professionals to negotiate the framework of a demand as mental and, then, choose and offer referral to this. Ian Hackings concepts of dynamic nominalism and looping effect and Annemarie Mols concepts of enactment and logic of care were taken as benchmarks for analysis and discussion. Given the considerations, we found out that the notions about mental health in this sphere attention are traded by the mobilization of knowledge that are unofficial but already circulate among the professional team. Professionals operate manoeuvres of knowledge in accordance with the theoretical/practical and personal experience acquired, always in some way endorsed by or often "translated" to the scope of biomedicine. Consequently, the actions engendered are based on a classification and biomedical standard, albeit adapted to local peculiarities and forms of care that are possible for each team. These data indicate that even supposedly humane, interdisciplinary, territorialized and less medicalized actions for mental health in primary care are delineated by the biomedical paradigm of scientific knowledge. This is still seen as a reference for professionals and is necessary to explain and act on the various types of demand.