Stress e incidentes críticos em operacionais de emergência médica pré-hospitalar

Os operacionais de emergência médica pré-hospitalar, no exercício das suasfunções, estão diariamente expostos a cenários com reconhecido potencial traumático eimpacto negativo a nível laboral e pessoal, tendo um risco de desenvolver problemas desaúde mental superior ao da população em geral. Pela re...

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Bibliographic Details
Main Author: Sónia Celeste Pereira da Cunha
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2019
Subjects:
Online Access:https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/112278
Description
Summary:Os operacionais de emergência médica pré-hospitalar, no exercício das suasfunções, estão diariamente expostos a cenários com reconhecido potencial traumático eimpacto negativo a nível laboral e pessoal, tendo um risco de desenvolver problemas desaúde mental superior ao da população em geral. Pela relevância destes profissionais nasociedade, existe interesse crescente no estudo das suas condições de trabalho, bem comodos fatores de risco e de proteção que poderão criar ambientes de trabalho saudáveis epromover o bem-estar psicológico.Pretende-se conhecer o impacto do stress associado a incidentes críticos emoperacionais de emergência médica pré-hospitalar, nomeadamente ao nível da ansiedade,depressão, trauma, resiliência e coping. Os dados foram recolhidos junto de 743profissionais do INEM (91% técnicos de emergência pré-hospitalar, 8% enfermeiros e 1%psicólogos), utilizando as versões portuguesas da Resilience Scale (Wagnild, & Young,1993), Depression Anxiety Stress Scales (Lovibond, & Lovibond, 1995), Brief ResilientCoping Scale (Sinclair, & Wallston, 2004), Impact of Event Scale (Weiss, & Marmar,1997) e Brief Cope (Carver, Scheier, & Weintraub, 1989).Os resultados revelaram níveis reduzidos de ansiedade, depressão, stress e trauma,moderados a elevados de resiliência, baixo a moderados de coping resiliente e elevados decoping funcional (focado no problema e na emoção), embora 19% dos profissionaisapresentassem trauma. Foram encontradas algumas diferenças em função das variáveissociodemográficas e profissionais, nomeadamente, sexo, estado civil, existência de filhos,anos de serviço e área de atividade, sendo que os anos de serviço, o exercício da profissãoem dois contextos distintos e a exposição indireta constituem fatores de risco. Osincidentes críticos com maior potencial traumático são imprevisíveis (acidentes, paragemcardiorrespiratória), resultam em consequências trágicas (morte) e envolvem crianças. Aresiliência parece ser desenvolvida em função das estratégias de coping utilizadas e domodo como os incidentes críticos são geridos. Sugere-se a realização de estudoslongitudinais e qualitativos que incluam outras variáveis psicológicas, como o sentido decoerência e a ideação suicida, bem como aprofundar a análise da capacidade preditiva daresiliência em relação ao trauma.