Autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses?

Introdução: A comunicação clínica com doentes terminais é um tema que levanta questões complexas. Ao longo da última década tem-se verificado uma mudança de paradigma, com crescente valorização da autonomia do doente. O nosso objetivo é avaliar crenças e atitudes de profissionais de saúde e perceber...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Cláudia Patrícia Ferreira Miguel
Other Authors: Faculdade de Medicina
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/128785
id ndltd-up.pt-oai-repositorio-aberto.up.pt-10216-128785
record_format oai_dc
spelling ndltd-up.pt-oai-repositorio-aberto.up.pt-10216-1287852021-02-10T05:28:49Z Autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses? Cláudia Patrícia Ferreira Miguel Faculdade de Medicina Ciências médicas e da saúde Medical and Health sciences Ciências médicas e da saúde Medical and Health sciences Introdução: A comunicação clínica com doentes terminais é um tema que levanta questões complexas. Ao longo da última década tem-se verificado uma mudança de paradigma, com crescente valorização da autonomia do doente. O nosso objetivo é avaliar crenças e atitudes de profissionais de saúde e perceber a sua evolução ao longo dos últimos anos. Materiais e métodos: Um questionário foi entregue a todos os profissionais de saúde (n=218) em exercício nos serviços de Cuidados Paliativos e Oncologia Médica de dois hospitais do Porto. Resultados: Foram devolvidos 63 questionários preenchidos. Todos os participantes defendem que os doentes devem conhecer o seu estadio terminal e quase todos afirmam que a maioria dos seus doentes tem acesso a esta informação. Todos os grupos relatam que a maioria dos doentes pretende conhecer o seu prognóstico, mas respondem valores inferiores quando a questão diz respeito à vontade dos familiares. Discussão: Verificamos, contrariamente ao que se constatou há uma década, uma maior congruência entre as crenças e atitudes dos profissionais, com prática de um esclarecimento da situação clínica a cada doente terminal. A conspiração do silêncio continua, contudo, a constituir um problema real e ainda existem médicos e enfermeiros que consideram a comunicação do diagnóstico terminal um potenciador da ansiedade do doente. Conclusão: O nosso estudo sugere uma crescente valorização da autonomia do doente, com privilégio deste princípio na prática clínica dos profissionais. Continua, contudo, a existir alguma relutância em comunicar más notícias e uma percentagem importante de doentes que desconhece o seu prognóstico. Introduction: Clinical communication with terminally ill patients raises complex questions. Over the past decade, there was a paradigm shift with an increasing appreciation of patients' autonomy. Our study aims to assess the beliefs and attitudes of health professionals and to understand their evolution over the past few years. Materials and methods: We deliver a questionnaire to all health professionals (n=218) from two hospitals in Porto, working in the Palliative Care and Oncology services. Results: 63 questionnaires were returned. All participants believe that patients should know their terminal stage, and almost every professional believes that the vast majority of their patients have access to this information. All groups responded that most patients want to know their terminal stage but answered lower values when the question concerned the desire of the family members. Discussion: Unlike what was observed a decade ago, we verified a greater congruence between the beliefs and attitudes of professionals, with the frequent practice of clarifying communication about the clinical situation with each terminal patient. However, the conspiracy of silence continues to be a real problem, and we still have doctors and nurses who consider the communication of the terminal diagnosis to be an enhancer of the patient's anxiety. Conclusion: Our study suggests a growing valorization of patient autonomy, with increasing respect for this principle in the Portuguese clinical practice. However, some reluctance to report bad news persists, and there is an essential percentage of patients who are unaware of their prognosis. 2021-02-08T05:17:34Z 2021-02-08T05:17:34Z 2020-06-09 2020-03-31 Dissertação sigarra:414285 https://hdl.handle.net/10216/128785 202613178 por restrictedAccess https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ application/pdf
collection NDLTD
language Portuguese
format Others
sources NDLTD
topic Ciências médicas e da saúde
Medical and Health sciences
Ciências médicas e da saúde
Medical and Health sciences
spellingShingle Ciências médicas e da saúde
Medical and Health sciences
Ciências médicas e da saúde
Medical and Health sciences
Cláudia Patrícia Ferreira Miguel
Autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses?
description Introdução: A comunicação clínica com doentes terminais é um tema que levanta questões complexas. Ao longo da última década tem-se verificado uma mudança de paradigma, com crescente valorização da autonomia do doente. O nosso objetivo é avaliar crenças e atitudes de profissionais de saúde e perceber a sua evolução ao longo dos últimos anos. Materiais e métodos: Um questionário foi entregue a todos os profissionais de saúde (n=218) em exercício nos serviços de Cuidados Paliativos e Oncologia Médica de dois hospitais do Porto. Resultados: Foram devolvidos 63 questionários preenchidos. Todos os participantes defendem que os doentes devem conhecer o seu estadio terminal e quase todos afirmam que a maioria dos seus doentes tem acesso a esta informação. Todos os grupos relatam que a maioria dos doentes pretende conhecer o seu prognóstico, mas respondem valores inferiores quando a questão diz respeito à vontade dos familiares. Discussão: Verificamos, contrariamente ao que se constatou há uma década, uma maior congruência entre as crenças e atitudes dos profissionais, com prática de um esclarecimento da situação clínica a cada doente terminal. A conspiração do silêncio continua, contudo, a constituir um problema real e ainda existem médicos e enfermeiros que consideram a comunicação do diagnóstico terminal um potenciador da ansiedade do doente. Conclusão: O nosso estudo sugere uma crescente valorização da autonomia do doente, com privilégio deste princípio na prática clínica dos profissionais. Continua, contudo, a existir alguma relutância em comunicar más notícias e uma percentagem importante de doentes que desconhece o seu prognóstico. === Introduction: Clinical communication with terminally ill patients raises complex questions. Over the past decade, there was a paradigm shift with an increasing appreciation of patients' autonomy. Our study aims to assess the beliefs and attitudes of health professionals and to understand their evolution over the past few years. Materials and methods: We deliver a questionnaire to all health professionals (n=218) from two hospitals in Porto, working in the Palliative Care and Oncology services. Results: 63 questionnaires were returned. All participants believe that patients should know their terminal stage, and almost every professional believes that the vast majority of their patients have access to this information. All groups responded that most patients want to know their terminal stage but answered lower values when the question concerned the desire of the family members. Discussion: Unlike what was observed a decade ago, we verified a greater congruence between the beliefs and attitudes of professionals, with the frequent practice of clarifying communication about the clinical situation with each terminal patient. However, the conspiracy of silence continues to be a real problem, and we still have doctors and nurses who consider the communication of the terminal diagnosis to be an enhancer of the patient's anxiety. Conclusion: Our study suggests a growing valorization of patient autonomy, with increasing respect for this principle in the Portuguese clinical practice. However, some reluctance to report bad news persists, and there is an essential percentage of patients who are unaware of their prognosis.
author2 Faculdade de Medicina
author_facet Faculdade de Medicina
Cláudia Patrícia Ferreira Miguel
author Cláudia Patrícia Ferreira Miguel
author_sort Cláudia Patrícia Ferreira Miguel
title Autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses?
title_short Autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses?
title_full Autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses?
title_fullStr Autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses?
title_full_unstemmed Autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses?
title_sort autonomia ou beneficência - que princípio prevalece entre os prestadores de cuidados de saúde portugueses?
publishDate 2021
url https://hdl.handle.net/10216/128785
work_keys_str_mv AT claudiapatriciaferreiramiguel autonomiaoubeneficenciaqueprincipioprevaleceentreosprestadoresdecuidadosdesaudeportugueses
_version_ 1719376317069131776