Summary: | Introdução: A prática de grupos é um tipo de assistência em saúde que vem sendo realizada na Atenção Básica. A alimentação é um dos assuntos que são abordados nessa prática, uma vez que esta é um fator de risco modificável para o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis. Diante desse quadro, os profissionais de saúde contam com a Educação Alimentar e Nutricional que visa promover a prática de hábitos alimentares saudáveis. Para a avaliação de grupos, eles fazem uso, principalmente, de dados objetivos. No entanto, a realização de uma avaliação a partir de uma perspectiva de dados qualitativos tem sido cada vez mais utilizada pela importância de se estabelecer uma relação direta com os sujeitos, conhecendo as suas vivências. Objetivo: Analisar a vivência de participantes submetidos em dois modelos de grupos educativos de alimentação e nutrição realizados no âmbito da Atenção Básica no município de São Paulo. Métodos: Pesquisa avaliativa com abordagem qualitativa, realizada no Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza com os usuários que estiveram presentes, pelo menos, em metade dos encontros dos grupos de alimentação e nutrição tradicionalmente realizados pelo local no ano de 2015 (Modelo A) e de um outro grupo, implantado por meio de pesquisa, no ano de 2016 (Modelo B). Grupos do Modelo A possuíam como objetivo incentivar e apoiar as mudanças alimentares enquanto que grupos do Modelo B tinham como intenção o fortalecimento da autonomia nas escolhas alimentares. Ambos os Modelos possuíram enquadres semelhantes, sendo o A formado por sete encontros e o B por seis com duração de 1h30min cada. A condução de grupos do Modelo A foi realizada pela equipe responsável pela assistência nutricional do local e, do Modelo B, por uma nutricionista doutoranda, idealizadora do modelo de intervenção, juntamente com o apoio de uma observadora e também da equipe. A produção dos dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com 7 participantes do Modelo A e 8 do B. Essas entrevistas foram transcritas e submetidas à Análise de Conteúdo Temática com o auxílio do software NVivo11. Para esta pesquisa, utilizou-se um recorte dos resultados dessa análise que se referia a avaliação da vivência. Resultados: Emergiram quatro categorias e 12 unidades temáticas. Todas as categorias estiveram presentes em ambos os Modelos, sendo elas: Modelo Educativo, Comparecimento, Potencialidades e Fragilidades do grupo educativo de alimentação e nutrição. Oito unidades temáticas emergiram no Modelo A e essas também estavam presentes no Modelo B. Além dessas oito, o Modelo B apresentou mais quatro unidades temáticas. Verificou-se que, em ambos os Modelos, a vivência em grupo propiciou o reconhecimento de estratégias didáticas utilizadas, incentivo ao cuidado, ganhos a partir da convivência com o outro, como ampliação de conhecimento e reconhecimento de benefícios provocados na saúde, e demanda por atendimento individualizado. No Modelo A, enfatizou-se a relação unidirecional entre participante e profissional, aproximando-o mais do conceito de agrupamento. No Modelo B, destacou-se a interação social e a existência do vínculo entre os participantes, Conclusão: Em ambos os Modelos a prática de grupo oferece estratégias que incentivam o cuidado com a saúde, possibilita aprendizados provenientes da socialização e oportuniza o conhecimento de demandas pela atenção individualizada. Grupos que são desenhados a partir de uma abordagem de educação tradicional possuem ações voltadas a prevenção enquanto que grupos que usam a educação dialógica se aproximam das ações de promoção da saúde. === Introduction: The practice of groups is a type of health care that is being carried out in Primary Care. The food is one of the subjects that are dealt in these groups, since this is a modifiable risk factor for the development of chronic non-communicable diseases. Faced with this situation, health professionals rely on Food and Nutrition Education to promote the practice of healthy eating habits. For the evaluation of groups, professionals make use, mainly, of objective data. However, the performance of an evaluation from a qualitative data perspective has been increasingly used for the importance of establishing a direct relationship with the subjects, knowing their experiences. Objective: To analyze the experience of participants submitted to two models of educational groups of food and nutrition carried out in the scope of Primary Care in the city of São Paulo. Methods: Evaluative research with qualitative approach carried out at the Geraldo de Paula Souza School Health Center with the users who were present at least half of the meetings of the educational groups of food and nutrition traditionally carried out by the local in the year 2015 (Model A) and of another group, implemented through research, in the year 2016 (Model B). Model A groups aimed to encourage and support food changes while Model B groups were intended to strengthen autonomy in food choices. Both models had similar frames, being A formed by seven meetings and B by six with duration of 1h30min each. The model A group was conducted by the team responsible for the nutritional assistance of the local and, of the Model B, by a PhD nutritionist, idealizing the intervention model, along with the support of an observer and also of the team. The data production was carried out through semi-structured interviews guided by a script with 7 participants of Model A and 8 of B. These interviews were transcribed and submitted to Thematic Content Analysis with the aid of NVivo11 software. For this research, was used a cut-off of the results of this analysis that referred to the evaluation of the living. Results: Four categories and 12 thematic units emerged. All categories were present in both Models, being: Educational Model, Attendance, Potentialities and Fragilities of the educational group of food and nutrition. Eight thematic units emerged in Model A and these were also present in Model B. In addition to these eight, Model B presented four more thematic units. It was verified that in both Models, the experience in a group allowed the recognition of used didactic strategies, incentive to care, gains from living with the other, such as expansion of knowledge and recognition of health benefits, and demand for individualized service. In Model A, the unidirectional relationship between participant and professional was emphasized, bringing it closer to the concept of grouping. In Model B, it was highlighted the social interaction and the existence of the bond between the participants. Conclusion: In both Models, group practice offers strategies that encourage health care, enable learning from socialization, and facilitate the knowledge of demands for individualized attention. Groups that are drawn from a traditional education approach have actions aimed at prevention while groups that use dialogic education approach health promotion actions.
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