Clínica e resistência: a medicina filosófica de Georges Canguilhem

Este trabalho procura apresentar através de uma análise do conjunto das obras de Canguilhem uma crítica da razão médica prática, tal como sugere num de seus escritos. Vale dizer que embora ele tenha afirmado não pretender renovar a medicina, procurando apenas ajudá-la a pensar sobre seus pressuposto...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Moreira, Adriana Belmonte
Other Authors: Mariconda, Pablo Ruben
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2013
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-08012014-151719/
Description
Summary:Este trabalho procura apresentar através de uma análise do conjunto das obras de Canguilhem uma crítica da razão médica prática, tal como sugere num de seus escritos. Vale dizer que embora ele tenha afirmado não pretender renovar a medicina, procurando apenas ajudá-la a pensar sobre seus pressupostos e conceitos fundamentais, em nosso entender, ao realizar uma crítica à hegemonia do modelo médico científico-moderno e ao operar o desvelamento de sua ideologia de controle da vida, acabou por delinear os contornos de uma nova racionalidade médica que, por se ancorar numa definição de medicina como arte que se coloca a serviço da capacidade de resistência vital, pode vir a fazer frente à mecanização da vida, à normalização dos indivíduos e à gestão sociopolítica médica da vida cotidiana. Assim, é adotando o ponto de vista canguilhemiano de que a ideia de normalidade como normalização mais se identifica à medicina científica moderna que opera com a ideia de norma como média estatística e tipo ideal, do que a uma medicina que considera que na natureza há apenas normalidade como normatividade, que procuramos ao fim de nosso trabalho vislumbrar outro horizonte para as práticas e a ética do cuidado em saúde na atualidade. === This work seeks to present, through the analysis of Canguilhems complete work, a critique of the practical reasoning in medicine, as suggested by the author himself. Although he has not intended to renovate medicine, his intention was to help thinking about its assumptions and fundamental concepts. It is believed that, by criticizing the hegemony of the modern scientific-medical model and operating the unveiling of its ideology of control over life, he ended up outlining the contours of a new medical rationale. This approach is based on the definition of medicine as a type of art which is at the service of a vital resistance capacity. This way, it can cope with the mechanization of life, the normalization of individuals and sociopolitical medical management of everyday life. Thus, by adopting Canguilhems perspective, the idea of normality as normalization is more related to the modern scientific medicine that works with the idea of statistical average and the ideal type than the medicine which considers that, in nature, there is only normality as normativity. At the end of this work, the aim is to glimpse another horizon for the practices and the ethics of current health care.