Summary: | O objetivo desta pesquisa consiste em descrever as táticas e estratégias, desenvolvidas nas práticas cotidianas das pessoas que se encontram trabalhando como motoboys, na cidade de São Paulo (Brasil), para encontrarem alternativas e continuarem nessa atividade, diante de todas as adversidades da profissão e das contingências do espaço urbano. Levamos em consideração as ações produzidas por dois grupos de motoboys: o Canal Motoboy, que busca se organizar coletivamente, a partir de um projeto artístico, e produzir uma nova realidade para si e para a sua categoria profissional; e os motoboys de um grupo farmacêutico, que ganham a vida fazendo entregas de remédios pela grande São Paulo. O referencial teórico fundamenta-se em autores como Certeau, Sato, Santos e Oliva. Em termos metodológicos, valho-me da abordagem etnográfica, o que me levou a estabelecer uma convivência junto aos grupos de motoboys: com o Canal Motoboy, mantive uma convivência prolongada de mais de seis meses, no ano de 2007, frequentando, semanalmente, suas reuniões; com os motoqueiros do grupo farmacêutico, estabeleci uma convivência diária de duas semanas, em uma segunda etapa do campo, que se realizou no mês de julho de 2010. Os resultados apontam para a produção de táticas e estratégias nas práticas cotidianas que visam a estabelecer uma equilibração de forças entre os motoqueiros e o espaço da cidade: os motoboys ressignificam o espaço que se forma entre os carros, nas ruas, as determinações legais para o exercício de suas atividades de trabalho, os preconceitos sociais sobre a categoria, sua importância para o fluxo de coisas, na cidade, e tentam cumprir suas atribuições, buscando evitar os riscos dos acidentes de trânsito. Pudemos constatar, também, as articulações dos motoboys diante dos interesses de diversos setores sociais e econômicos que procuraram unir-se a eles, como: ONGs, associações da categoria, sindicatos, universidades, centros de pesquisas e empresas do setor motociclístico. Como trabalhadores onipresentes em uma das maiores metrópoles do mundo, os motoboys são alvos de interesses diversos e alguns procuram encontrar vantagens nessa situação, para se estruturarem enquanto uma rede social. Observamos ainda que os motoqueiros descrevem suas atividades cotidianas como uma luta pela sobrevivência, diante das contingências do espaço da cidade === The objective of this study is to describe the tactics and strategies found in the daily practices of people who work as couriers in São Paulo (Brazil), to find alternatives while continuing to deal with adersities of the profession and the continguencies of urban space. We consider the actions of two distinct groups of couriers: (1) Canal Motoboy, which collectively organizes an artistic project to create a new reality for themselves and their profession; and (2) a pharmaceutical group, which makes a living by delivering medicine in Metropolitan São Paulo. The theoretical reference is based on authors, such as Certeau, Sato, Santos, and Oliva. In terms of methods, we used an ethnographic approach, which led us to establish a joint-living situation with the courier groups: with Canal Motoboy, a prolonged stay of more than six months in 2007, attending their meetings on a weekly basis; and with the bikers from the pharmaceurical group, an established daily-living situation for two weeks during the latter part of the field study held in July, 2010. The results point to the innovation of tactics and strategies in daily practices, aimed to balance the forces between the bikers and the urban space: these couriers redefined this space, made of cars on the streets, the legal frameworks that determine work ethics, the social prejudices surrounding the issue, its importance to the flow of things in the city and its attempt to fulfill its mission, all while avoiding lethal traffic accidents. We have seen, also, the shared interests of diverse social and economic sectors that have sought to unite in this movement: NGOs, workers associations, unions, universities, research centers and companies that make up the motorcycle industry. As ubiquitous workers in one of the largest metropolises in the world, couriers are targets of diverse interests and anyone looking for a chance to take advantage of the situation, while structuring a social network. We acknowledge the bikers for their daily activities, which they define as a fight for survival amongst constingencies in the urban space
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