Summary: | Introdução: Zumbido é um sintoma de alterações nas vias auditivas com etiologia variada. Muitos pacientes com perda auditiva possuem zumbido e um dos tratamentos é o uso dos aparelhos auditivos. Os aparelhos auditivos amplificam os sons externos e os pacientes passam a perceber melhor os sons do ambiente, diminuindo a percepção do zumbido e proporcionando melhora na entrada do som por meio do enriquecimento sonoro. Contudo, é visto na literatura que alguns pacientes não observam a diminuição do incômodo e da percepção do zumbido ao utilizar os aparelhos auditivos. O estudo da audição periférica nestes pacientes poderia fornecer informações sobre fatores que dificultam a redução da percepção do zumbido com o uso de aparelhos auditivos. Objetivo: Avaliar as características audiológicas de pacientes com zumbido e perda de audição e verificar se há diferenças entre o grupo que obteve redução na percepção do zumbido com o uso de aparelhos auditivos e o grupo que não obteve o mesmo benefício. Método: Foram avaliados 29 sujeitos, divididos em dois Grupos, sendo Grupo I (GI) composto por 20 sujeitos que observaram melhora na percepção do zumbido após dois meses de uso dos aparelhos auditivos, e o Grupo II (GII) composto por nove, que não observaram melhora na percepção do zumbido. A pontuação na Escala Visual Analógica (EVA) determinou a divisão dos grupos. Foram aplicados: questionários para avaliar o incômodo do zumbido (Tinnitus Handicap Inventory -THI) e a melhora da percepção auditiva (Hearing Handicap Inventory Elderly Screening Version- HHIE-S); avaliações audiológicas (audiometria de via área e óssea, índice de reconhecimento de fala, identificação do limiar diferencial de intensidade índice, emissões otoacústicas), testes de processamento auditivo temporal (Gaps-in-Noise-GIN, Teste de Detecção de Intervalo Aleatório-RGDT, testes Padrão de Frequência e Duração -TPF e TPD respectivamente) e medidas psicoacústicas do zumbido (pitch, loudness e Limiar Mínimo de Mascaramento - MML) antes da adaptação dos aparelhos auditivos e após dois meses de uso dos aparelhos auditivos. Os sujeitos tinham entre 28 e 68 anos (média 55 anos) de ambos os sexos, e usaram aparelhos auditivos da mesma marca, com as regulagens adequadas para cada sujeito. Resultados: Não houve diferença significativa entre os grupos nos testes audiológicos aplicados. Nos testes auditivos temporais, a porcentagem de acerto do Grupo I foi superior ao Grupo II, com tendência à significância estatística no TPF. Foi observada diferença estatística nos questionários THI, HHIE-S no GI e GII após o uso dos aparelhos, diminuindo a pontuação. Com relação às medidas psicoacústicas, houve diferença estatística significante entre o Loudness e MML iniciais e finais do GI e diferença entre os grupos no loudness e no MML final. Conclusão: As caraterísticas audiológicas avaliadas não foram suficientes para indicar se o paciente com perda de audição se beneficiaria com a diminuição na percepção do zumbido com dois meses de uso de aparelhos auditivos. Indivíduos com desempenho pobre no TPF tem tendência a não reduzir a percepção do zumbido com o uso de aparelhos auditivos. O presente estudo aponta para a necessidade de investigar outras características que podem estar associadas à dificuldade na redução na percepção do zumbido com o uso de aparelhos auditivos === Introduction: Tinnitus is a symptom of damage of the auditory pathways with varied etiology. Many patients with hearing loss have tinnitus and one of its treatments is the use of hearing aids. Hearing aids amplify external sounds and patients are able to better understand the sounds of the environment, reducing the perception of the tinnitus and improving sound input through enriched acoustics. However, according to literature, some patients do not observe discomfort and tinnitus perception decrease using hearing aids. The study of peripheral hearing in these patients could provide information on factors that make it difficult to reduce tinnitus perception with the use of hearing aids. Objective: To evaluate audiological characteristics of patients with tinnitus and hearing loss, and verify if there are differences between the group that obtained reduction in tinnitus perception with the use of hearing aids and the group that did not obtain the same benefit. Methods: 29 subjects, divided into two groups: Group I (GI) composed of 20 subjects who observed improvement in tinnitus perception after two months of hearing aids use and Group II (GII) with nine subjects who did not observe improvement in tinnitus perception, were evaluated. The Visual Analogue Scale (VAS) score determined the division of the groups. The questionnaires Hearing Handicap Inventory Elderly Screening (HHIE-S) and Tinnitus Handicap Inventory (THI), audiological evaluation (pure tone and bone conduction audiometry, speech recognition index, short increment sensitivity index, otoacoustic emissions), temporal auditory processing tests (Gaps-in-Noise-GIN, Random Interval Detection Test-RGDT, frequency and duration tests (PPS and DPT) and psychoacoustic measures of tinnitus (pitch, loudness and MML) before the fitting of hearing aids and after two months of use were conducted. Subjects were aged between 28 and 68 (mean age 55 years), both sexes, and used same brand hearing aids, with the appropriate fitting for each subject. Results: There was no significant difference between the groups in the audiological tests. Temporal auditory tests accuracy percentage of Group I was higher than Group II, with a tendency to statistical significance in the PPS. Statistical difference was observed in the THI, HHIE-S for GI and GII after the hearing aids use, reducing the score. Regarding psychoacoustic measures, there was significant statistical difference between initial and final loudness and MML in GI, and intergroup difference (GI and GII) in the final MML and loudness. Conclusion: The evaluated audiologic characteristics were not sufficient to indicate if the patient with hearing loss would benefit from a decrease in tinnitus perception after two months of hearing aids use. Individuals with poor PPS performance tend not to reduce tinnitus perception with hearing aids use. The present study indicates the need to investigate other characteristics that may be associated with the difficulty in reducing tinnitus perception with hearing aids use
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