Crítica e poder: Michel Foucault  nas encruzilhadas do Esclarecimento

\"O que é o Esclarecimento?\" Em mais de uma oportunidade Michel Foucault retoma a célebre questão lançada no século XVIII no intuito de interpelar as imbricações entre formas de racionalidade e efeitos de poder na Modernidade. No cerne dessa conexão, enfatizará o papel das resistências qu...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Silva, Anderson Aparecido Lima da
Other Authors: Silva, Franklin Leopoldo e
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2019
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-20082019-123014/
id ndltd-usp.br-oai-teses.usp.br-tde-20082019-123014
record_format oai_dc
collection NDLTD
language pt
format Others
sources NDLTD
topic Crítica
Critical theory
Critique
Enlightenment
Esclarecimento
Michel Foucault
Michel Foucault
Poder
Power
Teoria crítica
spellingShingle Crítica
Critical theory
Critique
Enlightenment
Esclarecimento
Michel Foucault
Michel Foucault
Poder
Power
Teoria crítica
Silva, Anderson Aparecido Lima da
Crítica e poder: Michel Foucault  nas encruzilhadas do Esclarecimento
description \"O que é o Esclarecimento?\" Em mais de uma oportunidade Michel Foucault retoma a célebre questão lançada no século XVIII no intuito de interpelar as imbricações entre formas de racionalidade e efeitos de poder na Modernidade. No cerne dessa conexão, enfatizará o papel das resistências que acompanham, enredam, transformam esse campo de interações múltiplas, com especial destaque à postura que virá a designar, no final dos anos 1970, como uma \"atitude crítica\" em face do presente. Esta tese confronta leituras como a de Axel Honneth que, ao considerar Foucault um \"teórico do poder\", atribui-lhe uma concepção de racionalidade como processo de extensão da dominação individual e coletiva que culminaria por inviabilizar qualquer possibilidade crítica ou de emancipação dos sujeitos. Nosso objetivo central trata de ressaltar que Foucault não promulga em suas análises qualquer concepção de racionalidade como invariante universal - meta-antropológica ou meta-histórica -, mas busca antes ressaltar a história e geografia das racionalidades promovendo uma \"crítica racional da razão\" que compreende igualmente a crítica de seus efeitos concretos de poder. Isso porque Foucault não concebe o poder em termos estritamente repressivos, como privação ou proibição da liberdade, fenômeno puro da dominação, mas como jogos estratégicos com relações de força e de resistência presentes nas configurações e transformações complexas das formas de organização social e subjetiva. A atitude crítica, como modo de pensar, como postura ética e política, como compreensão e questionamento do momento ou do tempo presente constitui-se como um dos motores dessa transformação possível. Ora, seguindo o fio subterrâneo que a liga a Kant, Foucault destaca que a atitude crítica pode tomar formas diversas, a partir de tradições filosóficas distintas e em contextos históricos variados. Em nossa análise, além de Max Weber, privilegiamos a interlocução que o pensador francês estabelece com algumas das tópicas e autores da Teoria Crítica, notadamente com questões colocadas por Adorno e Horkheimer, de modo a explorar suas afinidades, tensões e especificidades. Argumentamos que é nesse diálogo que a postura foucaultiana expressa e afirma sua singularidade ao recolocar a questão do Esclarecimento como questão atual, inconclusa, inadiável. === \"What is Enlightenment?\" Michel Foucault revisited more than once to the prominent question raised in the eighteenth century in order to challenge the imbrication between forms of rationality and effects of power in modernity. At the core of this connection, he emphasizes the role of resistances that follow, enmesh and transform this field of multiple interactions, highlighting what he called, in the late 1970s, a \"critical attitude\" towards the present. This thesis confronts interpretations - like Axel Honneth\'s one - that consider Foucault as a \"theorist of power\" and assign to his work an idea of rationality as a process of the expansion of individual and collective domination that would cause the impossibility of any critique and also of the emancipation of subjects. The main purpose of this thesis is to emphasize that Foucault does not use in his analyses any conception of rationality as an universal invariable - a meta-anthropological and meta-historical one -, instead his analyses aim at highlighting the history and geography of rationalities, encouraging a \"rational critique of reason\" that includes the critique of the actual effects of power. This is because Foucault does not conceive the power on strict repressive terms, such as deprivation or restriction of liberty or a pure phenomenon of domination, but as strategic games of power relations and resistances within the complex of configurations and transformations of the forms of social and subjective organization. The critical attitude - as a way of thinking, a political and ethical attitude, an understanding and a critique of the present - is one of the driving forces of this possible change. Following the underground thread that connect it to Kant, Foucault emphasizes that the critical attitude may assume different forms according to the different philosophical traditions and historical contexts. In addition to the dialogue with Max Weber, this thesis analyses the interlocution of the French philosopher with some authors and issues of the Critical Theory, especially those raised by Adorno and Horkheimer, in order to explore their affinities, tensions and particularities. I argue that it is in this dialogue that the foucauldian attitude manifests and affirms its singularity to reinstall the question of Enlightenment as a current, open and urgent question.
author2 Silva, Franklin Leopoldo e
author_facet Silva, Franklin Leopoldo e
Silva, Anderson Aparecido Lima da
author Silva, Anderson Aparecido Lima da
author_sort Silva, Anderson Aparecido Lima da
title Crítica e poder: Michel Foucault  nas encruzilhadas do Esclarecimento
title_short Crítica e poder: Michel Foucault  nas encruzilhadas do Esclarecimento
title_full Crítica e poder: Michel Foucault  nas encruzilhadas do Esclarecimento
title_fullStr Crítica e poder: Michel Foucault  nas encruzilhadas do Esclarecimento
title_full_unstemmed Crítica e poder: Michel Foucault  nas encruzilhadas do Esclarecimento
title_sort crítica e poder: michel foucault  nas encruzilhadas do esclarecimento
publisher Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publishDate 2019
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-20082019-123014/
work_keys_str_mv AT silvaandersonaparecidolimada criticaepodermichelfoucaultnasencruzilhadasdoesclarecimento
AT silvaandersonaparecidolimada critiqueandpowermichelfoucaultatthecrossroadsofenlightenment
_version_ 1719236246441558016
spelling ndltd-usp.br-oai-teses.usp.br-tde-20082019-1230142019-08-21T04:41:25Z Crítica e poder: Michel Foucault  nas encruzilhadas do Esclarecimento Critique and power: Michel Foucault at the crossroads of Enlightenment Silva, Anderson Aparecido Lima da Crítica Critical theory Critique Enlightenment Esclarecimento Michel Foucault Michel Foucault Poder Power Teoria crítica \"O que é o Esclarecimento?\" Em mais de uma oportunidade Michel Foucault retoma a célebre questão lançada no século XVIII no intuito de interpelar as imbricações entre formas de racionalidade e efeitos de poder na Modernidade. No cerne dessa conexão, enfatizará o papel das resistências que acompanham, enredam, transformam esse campo de interações múltiplas, com especial destaque à postura que virá a designar, no final dos anos 1970, como uma \"atitude crítica\" em face do presente. Esta tese confronta leituras como a de Axel Honneth que, ao considerar Foucault um \"teórico do poder\", atribui-lhe uma concepção de racionalidade como processo de extensão da dominação individual e coletiva que culminaria por inviabilizar qualquer possibilidade crítica ou de emancipação dos sujeitos. Nosso objetivo central trata de ressaltar que Foucault não promulga em suas análises qualquer concepção de racionalidade como invariante universal - meta-antropológica ou meta-histórica -, mas busca antes ressaltar a história e geografia das racionalidades promovendo uma \"crítica racional da razão\" que compreende igualmente a crítica de seus efeitos concretos de poder. Isso porque Foucault não concebe o poder em termos estritamente repressivos, como privação ou proibição da liberdade, fenômeno puro da dominação, mas como jogos estratégicos com relações de força e de resistência presentes nas configurações e transformações complexas das formas de organização social e subjetiva. A atitude crítica, como modo de pensar, como postura ética e política, como compreensão e questionamento do momento ou do tempo presente constitui-se como um dos motores dessa transformação possível. Ora, seguindo o fio subterrâneo que a liga a Kant, Foucault destaca que a atitude crítica pode tomar formas diversas, a partir de tradições filosóficas distintas e em contextos históricos variados. Em nossa análise, além de Max Weber, privilegiamos a interlocução que o pensador francês estabelece com algumas das tópicas e autores da Teoria Crítica, notadamente com questões colocadas por Adorno e Horkheimer, de modo a explorar suas afinidades, tensões e especificidades. Argumentamos que é nesse diálogo que a postura foucaultiana expressa e afirma sua singularidade ao recolocar a questão do Esclarecimento como questão atual, inconclusa, inadiável. \"What is Enlightenment?\" Michel Foucault revisited more than once to the prominent question raised in the eighteenth century in order to challenge the imbrication between forms of rationality and effects of power in modernity. At the core of this connection, he emphasizes the role of resistances that follow, enmesh and transform this field of multiple interactions, highlighting what he called, in the late 1970s, a \"critical attitude\" towards the present. This thesis confronts interpretations - like Axel Honneth\'s one - that consider Foucault as a \"theorist of power\" and assign to his work an idea of rationality as a process of the expansion of individual and collective domination that would cause the impossibility of any critique and also of the emancipation of subjects. The main purpose of this thesis is to emphasize that Foucault does not use in his analyses any conception of rationality as an universal invariable - a meta-anthropological and meta-historical one -, instead his analyses aim at highlighting the history and geography of rationalities, encouraging a \"rational critique of reason\" that includes the critique of the actual effects of power. This is because Foucault does not conceive the power on strict repressive terms, such as deprivation or restriction of liberty or a pure phenomenon of domination, but as strategic games of power relations and resistances within the complex of configurations and transformations of the forms of social and subjective organization. The critical attitude - as a way of thinking, a political and ethical attitude, an understanding and a critique of the present - is one of the driving forces of this possible change. Following the underground thread that connect it to Kant, Foucault emphasizes that the critical attitude may assume different forms according to the different philosophical traditions and historical contexts. In addition to the dialogue with Max Weber, this thesis analyses the interlocution of the French philosopher with some authors and issues of the Critical Theory, especially those raised by Adorno and Horkheimer, in order to explore their affinities, tensions and particularities. I argue that it is in this dialogue that the foucauldian attitude manifests and affirms its singularity to reinstall the question of Enlightenment as a current, open and urgent question. Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP Silva, Franklin Leopoldo e 2019-02-28 Tese de Doutorado application/pdf http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-20082019-123014/ pt Liberar o conteúdo para acesso público.